Carpe Nuit

na toca da boca da noite

caminhei pelas vidraças

e era vão espaço, nem sombra

de um semicírculo me faltava,

olhos piscando num véu da noite

e o vento sem temperatura diversa;

autônomos pés seguem a esmo

num intervalo constante.

quadra após quadra

semi saciado não locupletei-me

do vinho, ausente e sóbrio

lúgubre, esticado tal corda afinada.

"nenhuma brisa, nenhum brisa

só meus dedos no fundo da algibeira"

gritava o poeta mouco na esquina

enquanto asas de couro, mamiferas,

cruzavam o ar, em espirais vaporosas.