abra(Lírios)çados_demo

abra(Lírios)çados

Vejo em meu futuro coisas que, cego, plantei.

Vejo em meu futuro guerras que, cego, comecei.

Vejo em meu futuro crianças, as quais, cego, despojei

Me vejo arranhado em espinhos que, adormecido, afiei.

Me vejo caído em problemas que, desnorteado, criei.

Me vejo cobrarem assassinos que, inerte, gerei.

Caminhos que desvairado, tomei.

Decisões que erroneamente, aceitei.

Por minha causa padecerei.

Vejo águas que, não sozinho, manchei.

E margens secas, por intolerância da humanidade...

Vejo, em jardins distantes, lírios.

Lírios banhados pelo Sol e abraçados pelos ventos.

E qual o campo certo para estar em um dia comum?

Em qual grama deitar após um belo dia?

Em qual colina subir para ver o Sol morrer?