A caneta e o papel

A caneta e o papel

A caneta se apaixonou pelo papel

No deslumbre de escrever sua dor

Confessou seu amor como um réu

Na luz refletida da sua cor

A caneta fez do papel seu véu

Em letra cursiva escreveu seu louvor

O papel aceitou todo seu amor

Recebeu o sentimento doado

Fez canção do sol a se pôr

Na escrita eternizou o momento

O seu branco corpo seu arpoador

Com sua tinta em ti percorrendo

Mas infiel é o papel

Nele tudo aceita ser escrito

E o amor da caneta era um mel

Doce amor acabou num minuto

A caneta viu desabar seu céu

E o papel prosseguiu seu falso instinto

Um dia o papel conheceu a tesoura