repique do berrante

Publicado por: Maurício Generoso
Data: 12/02/2016
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Créditos

Berrante

Minha vida de Peão

Minha vida de peão,

é viver na solidão,

cavalgando solitário,

pelo estradão.

Com o berrante na mão,

toco bem alto,

para que o vento leve até seu coração,

meu pedido de perdão.

Com Nossa Senhora no coração.

faço minha oração,

para que me abençoe nesta cavalgada.

Olho para o horizonte, o sol está se pondo,

sinto o vento frio do inverno massagear meu rosto,

e percebo que é hora de parar.

Apeio do meu cavalo, tiro seus arreios, pego minha viola.

Sento junto à fogueira,

e começo a tocar...tocar!!!

Só o que expresso é angústia e saudades,

daquela garota trigueira.

Então paro, fecho meus olhos,

ouço à minha volta o barulho da noite tentando me consolar.

Deitado em cima de uma lona velha,

com a cabeça na sela,

olho para o céu iluminado pelas estrelas, caio no sono.

Com o murmurar dos pássaros,

desperto, agradecendo a Deus por mais um dia.

Então arreio o meu cavalo,

calço as minhas botas com as esporas, e sigo meu caminho.

No trotar do cavalo, meus

pensamentos vagos,

me fazem recordar daqueles lindos olhos verdes

Vou apressar o passo, estralo meu chicote,

cincho a espora no vazio do macho, saio a galope de longe avisto o vilarejo, toco meu berrante,

Vejo lá adiante uma janela se abrindo rapidamente, estendo minha mão,

agarrei-a em meus braços, um forte beijo lhe roubei.

Dois estrondos,

Com o peito manchado de sangue,

declarei naquele instante todo o meu amor.

Em meu último suspiro de vida,

pedi um beijo à moça que tanto amava.

Ela me segurou, chorando, me deu o beijo, sussurrou ao meu ouvido:

“Estou esperando uma nova vida em meu ventre”.

Mas já era tarde, nesse momento,

eu já tinha partido.

Maurício Generoso
Enviado por Maurício Generoso em 12/01/2016
Reeditado em 18/10/2020
Código do texto: T5509021
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