Pois é, Lu. E o vinho guardado por meses e meses à espera da recuperação da tua saúde e da saúde de todas as coisas da tua vida, o vinho italiano que tomaríamos juntos, eis-me aqui  a saboreá-lo sozinha, não em saudação ao teu aniversário, como desejaria; em saudação à tua  presença em uma Eternidade que exista, em saudação à tua eternidade, amigo meu. Tin Tin.

        Lembro de ti chegando, entrando na sala, abraçando-me com aquele abraço tão fundo e terno. Teu olhar, Lu... teu sorriso iluminando a sala toda.
        Aqui também os talheres, as canecas, os  copos, as taças te reconheciam pelo toque. E as paredes admiravam a maestria de teus gestos e de teu sotaque a cantar os tangos da vida.. os mais dramáticos... Fazíamos dueto e éramos bons nisso. Poderias ter sido um grande ator. Quando eu te dizia isso respondias que todo vendedor tem que ser um pouco ator e tu, corretor de imóveis, sabias bem o que dizias.
        Às vezes ficávamos em silêncio, do qual também entendias muito, afinal, não eras também o Ministro do Silêncio da Corte de Gorobixaba?
          E meu próprio silêncio se impõe neste agora. Ave, amigo meu. Ave.








Selfie em 22 de novembro de 2015 brindando, mesmo, ao teu aniversário.



 
E hoje, 03 de dezembro de 2017, se completam 30 dias da tua 'passagem', caríssimo. Até a eternidade. Amém.


Nota. No dia do meu aniversário, 11 de outubro de 2017, ouvi tua voz tão bela, tornada um fio de voz, pela última vez... Pela última vez... Eu não o sabia, jamais poderia saber que seria pela última vez...