Dez anos de Recanto das Letras


 
        Pois é... Dez anos... No dia 28 de janeiro de 2008 fiz a inscrição e no dia 29 publiquei os primeiros três textos no Recanto. Foram esses:

                                 
GRITO

No  meio da noite
me acorda um  grito
de todos os sentidos
inarticulado.

Dar forma a esse grito:
Meu  ofício.


                         AMOR

O que sobrevive
ao rosto exato
do ser amado.


                   HAICAI DE VERÃO


Tece a teia a aranha.
Curiosa se aproxima
pequenina mosca.


     
  E assim se passaram  dez anos.  Em 04 de outubro de 2008 publiquei o livro de tankas "FLORES DO OUTONO", meu terceiro  livro. Parecia que a vida ia se abrir: participei de dois programas de TV , pela UNIP e pela UNIVERSIDADE  DE SÃO JUDAS, para falar sobre o FLORES, programas de meia-hora cada, recitais  de poesia e outros eventos correlatos. Problemas de saúde, problemas de família  (...) fecharam novamente caminhos.  
        No Recanto, tudo bem. Pessoas especiais com poemas e textos especiais e assim fui publicando aqui tudo o que havia escrito até então. O Recanto tornou-se um grande refúgio.
        Digo 'refúgio' porque a vida pessoal foi se tornando cada vez mais difícil de levar. Apesar dos revezes de toda natureza, até fins de 2012 a fui levando, aos trancos e barrancos. A partir de 2013  selou-se esta vida que levo até hoje, de solidão e silêncio, vida sobre cujas circunstâncias não vou nem devo me estender. Ainda assim, eram-me permitidos algum riso, algumas alegrias, presenças benfazejas...
          O Recanto sempre continuando a ser o refúgio. Só que pelo excesso de problemas, minha poesia foi deixando de ser, escritas novas de qualidade foram se fazendo cada vez mais escassas  e eu cada vez lendo menos, livros, revistas, também os textos e poemas dos amigos do Recanto. 
        Até que, em 2017, vieram as Calamidades: Em oito meses perdi, por morte, seis das minhas pessoas mais queridas neste mundo: SEIS. Ainda não me recuperei minimamente dessas perdas. Se pudesse sair daqui, estar no mundo lá fora, o processo seria menos doloroso, mas, tendo que ficar aqui, todos os tempos dos dias... é quase impossível superar o que quer que seja.
        A verdadeira razão para esse longo depoimento são duas: Uma delas, agradecer aos amigos do Recanto por suas leituras, comentários, e por seu apreço. Estou em funda falta com vocês há muito tempo. A segunda razão é para lhes dizer que talvez seja este o meu derradeiro texto no Recanto. Digo talvez porque não se deve jamais dizer que algo é para sempre. Derradeiro ou não, certamente não publicarei nada por um bom tempo até... bem... até que algo melhore no panorama geral da minha vida.
        Gravarei isto e colocarei a gravação no Áudio. Quando conseguir  cantá-lo, gravarei um blue que prometi a um caro amigo. Hei de conseguir. Hei de conseguir.



AMIGOS, SEJAM FELIZES SEMPRE. QUE SEUS CAMINHOS PERMANEÇAM SEMPRE ABERTOS. QUE ASSIM SEJA! QUE ASSIM SEJA!