Por que quem Não Odiar a Própria Vida Morrerá Eternamente?
“Quem ama a sua vida perde-a; mas aquele que odeia a sua vida neste mundo preservá-la-á para a vida eterna.” (João 12.25)
O significado destas palavras de Jesus é o seguinte: Há uma contraposição entre a vida natural neste mundo e a vida eterna sobrenatural que somente pode ser achada em Cristo.
O amor por nossa vida que se encontra decaída no pecado (pois é esta a condição da natureza terrena humana) é o impedimento que nos leva a rejeitar a mortificação desta natureza decaída, para que possamos receber e manter a nova natureza que é concedida pelo Espírito Santo aos que negam a si mesmos, carregam a sua cruz e que seguem a Jesus buscando a santificação dessa nova vida, pelo despojamento da antiga, que é chamada na Palavra por o velho homem.
O que está em foco não é o ódio à nossa própria pessoa, porque o mandamento de Deus é que nos amemos assim como o nosso próximo. Então o ódio a que Jesus se refere é a repulsa que devemos ter ao pecado que habita na velha natureza, e do qual devemos nos despojar pela sua mortificação, para que possamos viver e andar na santidade do Espírito Santo. É o modo de se viver pela energia da alma não regenerada e não santificada que devemos não apenas odiar, mas também nos despojarmos da mesma para acharmos e vivermos na vida sobrenatural, espiritual, santa e celestial que existe na nova natureza que rebemos por meio da fé em Jesus.
“24 Então, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me.
25 Porquanto, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa achá-la-á.
26 Pois que aproveitará o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou que dará o homem em troca da sua alma?” (Mateus 16.24-26)
“Porque, se viverdes segundo a carne, caminhais para a morte; mas, se, pelo Espírito, mortificardes os feitos do corpo, certamente, vivereis.” (Rom 8.13)
Além destas passagens há outras citações bíblicas que apontam para esta necessidade de a tudo renunciar para podermos ser de fato discípulos de Jesus, como por exemplo a de Lucas 14.26,27 em que ele estende a atitude de aborrecer até mesmo as pessoas que nos são mais queridas e próximas em nossa família nuclear, quando em vez de atendermos à vontade delas que seja contrária à de Deus, escolhamos fazer a vontade do Senhor, ainda que sob a contrariedade das mesmas. Isto não significa deixar de amá-las, assim como o odiarmos a nossa própria vida não significa deixar de amarmos a nós mesmos, mas a contrariarmos a inclinação natural da nossa carne, em agradar seja a nós ou a outros, quando isto representa desagradar a Deus, cuja vontade deve ser amada e obedecida acima de tudo e de todos. Em todo o caso, na extensão deste assunto na passagem de Lucas 14.26,27, temos mais um exemplo da mortificação do velho homem, pois ter que aborrecer a entes amados, é também uma forma de se mortificar a nossa velha natureza.
“26 Se alguém vem a mim e não aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda a sua própria vida, não pode ser meu discípulo.
27 E qualquer que não tomar a sua cruz e vier após mim não pode ser meu discípulo.” (Lucas 14.26,27)