COMER É BOM QUANDO . . .

Este artigo não pretende ensinar nenhuma receita culinária capaz de fazer despertar apetite em quem anda meio enfastiado, nem tão pouco revelar nenhum segredo escondido, senão fazer trazer à lembranças ordenanças deixadas por Deus para o seu povo, a fim de que ele viva bem, sem ter que viver recorrendo continuamente à medicina curativa.

Já li diversos artigos sobre culinária, entre eles um cujo título era: “A saúde vem da cozinha”. Não queremos questionar essa afirmativa, mas apenas ressalvar que saúde e domínio próprio estão na razão direta de um para o outro, na proporção de um pra um.

Quando Deus criou o homem, segundo a sua palavra nos ensina através das Sagradas Escrituras, Ele determinou que Adão comesse do fruto de toda a árvore que existia no jardim do Éden, menos do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. E que, desobedecendo ele a Deus, aconteceu o que se sabe, conseqüência do estado em que vivemos.

Sabemos pelas Sagradas Escrituras, que antes do pecado, o homem não comia muita coisa do que hoje se come, pois diz-nos a palavra de Deus que assim Ele falou: “De toda árvore do jardim podem comer livremente; mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dessa não comerás; porque no dia em que dela comerdes, certamente morrerás.” E morreu! Primeiro, espiritualmente; viu sua nudez e se escondeu do seu criador, ou melhor, pretendeu esconder-se, já que ninguém consegue esconder-se dele. Depois morreu fisicamente antes que se completasse o dia milenar, (um dia para Deus é como mil anos e mil anos como um dia), cumprindo-se a palavra do Senhor: “no dia em que dele comeres, certamente morrerás!” Gn. 2:17.

Sabemos que Adão não se alimentava de carne, mas apenas de frutos, assim como não comia da verdura do campo, destinado aos animais.

Entretanto, após a prática do pecado, ele recebeu de Deus a seguinte maldição: “Porquanto destes ouvido à voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela; maldita é a terra por tua causa; em fadiga comerás dela todos os dias da tua vida. Ela te produzirá espinho e abrolhos; e comerás das ervas do campo.” 3:17 e 18.

Apesar da maldição da terra, não desamparou Deus o homem, mas providenciou para que mesmo ele e a sua descendência continuasse assistido por Ele. Assim, após a corrupção do gênero humano, e a sua quase completa destruição com o dilúvio, fez Deus um pacto com o patriarca Abraão, profeta rico mas sem descendente, prometendo-lhe uma descendência tão numerosa como as estrelas dos céus. E quando essa descendência se multiplicou, chamou um homem, Moisés, e incumbiu-lhe de conduzir esse povo para uma terra de fartura. Não obstante, impôs normas de conduta e comportamento; entre elas a que diz respeito aos alimentos. Veja:

“Falou o Senhor a Moisés e a Aarão, dizendo-lhes: Dize aos filhos de Israel: Estes são os animais que podereis comer dentre todos os animais que há sobre a terra: dentre os animais, todo o que tem unha fendida, de sorte que se divide em duas., e que ruminam, esse podereis comer. Os seguintes, contudo, não comereis, dentre os que ruminam e dentre os que têm a unha fendida; o camelo, porque rumina mas não tem a unha fendida, esse vos será imundo; a lebre, porque rumina mas não tem a unha fendida, essa vos será imunda; e o porco, porque tem a unha fendida, de sorte que se divide em duas, mas não rumina, esse vos será imundo. Da sua carne não comereis, nem tocareis nos seus cadáveres; esses vos serão imundos. Estes são os que podereis comer de todos os que há nas águas: todo o que tem barbatanas e escamas, nas águas, nos mares e nos rios, esse podereis comer. Mas todo o que não tem barbatanas nem escamas, nos mares e nos rios, todo réptil das águas, e todos os animais que vivem nas águas, estes vos serão abomináveis, ter-lo-eis em abominação; da sua carne não comereis, e abominareis os seus cadáveres. Tudo o que não tem barbatanas nem escamas, nas águas, será para vós abominável. Dentre as aves, a estas abominareis; não se comerão. Serão abomináveis: a águia, o quebrantosso, o xofrango, o açor, o falcão segundo a sua espécie, todo corvo segundo a sua espécie, o avestruz, o mocho, a gaivota, o gavião segundo a sua espécie, o bufo, o corvo marinho, a coruja, o porfirão, o pelicano, o abutre, a cegonha, a garça segundo a sua espécie, a poupa e o morcego. Lv. 11:1-19. Estes também vos serão imundos entre os animais que se arrastam sobre a terra: a doninha, o crocodilo da terra segundo a sua espécie, o mussaranho, o crocodilo da água, a lagartixa, o lagarto e a toupeira.” Lv. 11:29 e 30.

Há quem objete que isso foi à muito tempo atrás, para outro povo; que hoje os tempos são outros, e nós outro povo; que isso foi abolido e agora já se pode comer de tudo.

Hoje, apesar do avanço da ciência e da expansão do conhecimento, e não obstante a descoberta de fontes produtoras de proteínas possíveis de serem alimentos, a humanidade se alimenta mal, em quantidade e qualidade. E isso, afirmamos sem medo de errar, devido ao desconhecimento do seu criador, e dos seus ensinos.

Quando Deus fez o primeiro homem Ele lhe deu instruções quanto ao que comer. Vejamos: “E disse Deus: Eis que vos tenho dado toda a erva que dá semente. Que está sobre a face de toda a terra; e toda a árvore, em que há fruto de árvore que dá semente, servos-á para mantimento. E a todo o animal da terra e a toda a ave dos céus, e a todo o réptil da terra, em que há alma vivente, toda a erva verde será para mantimento. E assim foi.” Gn. 1:29 e 30.

Inferimos, então, que ao homem foi dado como alimento os frutos das árvores, e as sementes das ervas que davam sementes (grãos). Isso para o homem não pecador.

Entretanto, após o pecado, recebeu ele como parte do castigo por ter infringido a ordenança do Senhor, a maldição de comer da erva do campo. Atente: “E a Adão disse: Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela: maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida. Espinhos e cardos também, te produzirá; e comerás da erva do campo.” Gn. 3:17 e 18.

Até aqui não vimos o homem se alimentando de proteínas de origem animal. Nem mesmo o leite constava do seu cardápio, porém grãos, frutos, e a seguir ervas.

Só após o dilúvio, por volta do ano dois mil, foi dado ao homem instruções sobre o comer carne. “Tudo quanto se move, que é vivente, será para vosso alimento; tudo vos tenho dado como a erva verde.” Gn. 9:3.

Ainda que textualmente diga tudo quanto se move, não devemos tomar ao pé da letra, pois um pouco antes, quando era dado instruções sobre o que recolher na arca, disse Deus: “De todo o animal limpo tomarás para ti sete e sete, macho e fêmea.” Gn. 7:2.

Vemos, portanto, que muito antes de Deus ter dito a Moisés instruções específicas sobre alimentos devidos e indevidos, logo após a saída do povo de Israel do Egito, já havia conhecimento sobre animais limpos e animais imundos.

Nada obstante a concessão, quando o povo peregrinava no deserto, deu-lhes o Senhor o pão dos anjos. Ne. 9:15. Quando eles cobiçaram carne, Deus lhes deu, mas puniu a sua cobiça. Nm. 11:4 e 33.

Prometeu-lhes Deus introduzi-los numa terra que manava leite e mel. Êx. 3:8.

Com relação ao mel, sabemos ser ele um dos alimentos mais completos. Aliás a ciência confirmou, ainda que com relativo atraso, aquilo que já as Escrituras diziam a milhares de anos, que na cera de abelhas possui substâncias farmacológica, terapêutica e bactericida. Por essa razão deu o Senhor aos seus filhos a seguinte instrução: “Come mel, meu filho, porque é bom, e o favo de mel, que é doce ao teu paladar.” Pv. 24:13. Ou: “Já vim para o meu jardim, irmã minha, minha esposa; colhi a minha mirra com a minha especiaria, comi o meu favo com o meu mel, bebi o meu vinho com o meu leite; comei, amigos, bebei abundantemente, ó amados.” Ct. 5:1.

Apesar disso, não se pratica essa instrução, razão porque há algumas enfermidades que poderiam ser prevenidas com essa prática.

Ao tempo de Jesus, após a sua ressurreição, “Ele apareceu aos seus discípulos e perguntou: tendes aqui alguma coisa que comer? Então eles apresentaram-lhe parte de um peixe assado, e um favo de mel. O que ele tomou, e comeu diante deles.” Lc. 24:41-43.

Entre os cereais existentes, fez Deus menção a vários deles, quais sejam: trigo, cevada, aveia, milho e lentilha; todos muito conhecidos ainda hoje, e largamente empregados na alimentação humana.

Prevendo o cerco de Jerusalém, instruiu o Senhor ao profeta Ezequiel, e que serve de instruções para nós, sobre o que guardar para a sua alimentação: “trigo, cevada, favas, lentilhas, milho e aveia.” Ez. 4:9.

Falando Deus da terra na qual introduziria o povo de Israel, disse Ele ser uma terra de vinhas e olivais. Dt. 6:11. Vinho para a sua alegria, já que o vinho não alcóolico também alegra o coração; e azeite de oliva, nobre e ideal para a alimentação, por ser um óleo vegetal da melhor qualidade.

Ainda que a carne limpa tenha sido dada para a alimentação do povo de Deus, disse Ele por Salomão: “Não estejas entre os beberrões de vinho, nem entre os comilões de carne. Porque o beberrão e o comilão cairão em pobreza, e a sonolência faz trazer os vestidos rotos.” Pv. 23:20 e 21.

Disse ainda o apóstolo Paulo: Bom é não comer carne, nem beber vinho... Rm. 14:21.

Sabemos através da ciência que o peixe é um alimento ideal para a alimentação. É de fácil digestão, baixa caloria e colesterol; contém fósforo e cálcio, elementos necessários ao cérebro e aos ossos; possui proteínas necessárias a renovação dos tecidos e manutenção do corpo; não contém hormônio como a carne de gado, etc.

Mas, e quanto ao horário? Quando comer?

As Escrituras não dizem claramente o horário, mas fala do comer a tempo. Os exemplos, entretanto, são mais que suficientes para nos fazer isso entender.

Quando o profeta Elias estava sendo perseguido por Jezabel, que queria matá-lo por ter ele denunciado as apostasias de Acabe, rei de Israel e marido dela, Deus mandou que Elias se refugiasse à beira do ribeiro de Beriti. Ali corvos levavam alimento a ele pela manhã e à tarde. De dia e de noite. Ou seja, duas vezes ao dia. Considerando-se aqui o dia como o período de tempo entre dois ocasos.

Na instrução dada por Deus ao profeta Ezequiel, prevendo o cerco de Jerusalém, mandou que ele comesse vinte ciclos, de tempo em tempo.

Decorrido três anos que tínhamos escrito esse trabalho, tivemos uma revelação em que nos foi dado a conhecer que isso significa uma vez durante o dia e uma vez durante a noite.

Jesus, nosso exemplo maior, procedia de modos a nos deixar o exemplo. Vejamos: “E, de manhã voltando para a cidade teve fome; e, avistando uma figueira perto do caminho, dirigiu-se a ela, e não achou nela senão folhas.” Vemos que ele foi procurar fruto na figueira quando teve fome. Isso nos leva a concluir que devemos comer quando temos fome.

Após o jejum de quarenta dias Ele teve fome. Nessa ocasião foi tentado por Satanás, resistiu-o, e foi servido pelos anjos.

Quando chegou à beira do poço de Jacó, ali permaneceu enquanto seus discípulos foram buscar alimento na cidade. Depois eles chegaram e insistiram com ele para que comesse. Disse ele, então: “Uma comida tenho para comer que é fazer a vontade daquele que me enviou. Jo. 4:31-34. Ele preferia fazer a vontade do Pai, o que para Ele servia de alimento, a comer.

Um organismo super alimentado, também fica sobrecarregado: tem que trabalhar mais para processar todo o excesso, acumulando sem necessidade. A ingestão de alimentos a intervalos menor que o necessário à digestão acarreta a interrupção desta, para identificação da composição no novo bolo alimentar, e o consequente fornecimento de enzima necessário a ele, o que acarreta fermentação e até putrefação do alimento, com toda as consequências daí resultantes: arroto choco, mal hálito, úlceras, gastrites, etc., além de indisposição geral, sonolência, cansaço, preguiça e mal humor.

Como vemos, comer fora de hora, também pode ser um mal. Por isso dizem as Escrituras: “Bem-aventurada tu, ó terra, cujo rei é filho dos nobres, e cujos príncipes comem a tempo, para refazerem as forças, e não para bebedice.” Ec. 10:17.

Esse tempo no qual devemos comer, significa uma vez durante o dia, e uma vez durante a noite. Quando Deus mandava alimento para Elias, ele o fazia pela manhã (dia), e à tarde (noite).

Certa vez o Senhor nos falou: Quando forem almoçar, jantar, beber água, devem agradecer. Ele não disse: quando forem comer qualquer coisa, ou beber qualquer coisa. Na verdade a água é a melhor coisa que Ele deixou para nós bebermos. Ela não faz mal, desde que não seja fora do normal: natural e em quantidade razoável.

Além das consequências imediatas causadas por hábito de comer e beber, há ainda uma que preocupa: o declínio da vida. Não temos dúvidas de que a alimentação errônea quanto a qualidade, quantidade e frequência, gera declínio do corpo e encurtamento da vida.

“Portanto, quer comais, quer bebais ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para honra e glória do nome de Deus.” I Co. 10:31.

Oli Prestes

Missionário