Violência Doméstica

Publicado por: Manuel Marques
Data: 12/12/2007
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Créditos

Autoria e voz de Manuel Marques escrito para fazer parte do meu livro O medo do dia seguinte, tendo ficado de fora por opção do editor... no youtube: http://www.youtube.com/watch?v=RNTnH4Si0N0
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Violência Doméstica

para as mulheres que parece terem nascido só para sofrer

Na véspera do casamento uma surpresa

Tanto haviam eles discutido os árabes

E ele apareceu com um copo a mais em casa

Bateu-lhe sem motivo

Ela, surpresa, deixou-se ficar

Agora era tarde para cancelar o sonho de vida a dois

E ele lá lhe explicou a fúria

E ela lá entendeu perdoando

E eles casaram

Foram felizes durante um ano

Tiveram um filho

E tudo parecia esquecido

E ele recomeçou a beber

Ela havia deixado de trabalhar

Afinal ele até ganhava bem

E o filho teria melhor educação

E um dia ele tinha bebido demais

Chegou a casa e quis fornicar

Ela estava cansada do trabalho em casa

Do choro do menino, de ele não a acarinhar

Então disse-lhe que não

E ele pegou num cinto, bateu-lhe

Ligou o rádio bem alto para mais ninguém ouvir

E bateu-lhe, ignorando o choro do bebé

E os dias sucederam-se no medo

Na voragem das torturas e ameaças

E ela chorava os dias sem parar

Não queria ir embora para o menino não sofrer

E ele batia-lhe cada vez mais

Via-se o ar de satisfação na besta

E ela revoltava-se, mas engolia em seco

Deixava-se violar para ele acalmar, em vão

E um dia ela fugiu com o menino

Escondeu-se em casa dos pais envelhecidos

Na incredulidade das manchas da existência

E prometeram levá-lo a tribunal

E um dia ele apanhou-a desprevenida

Levou-a para a floresta e amarrou-a

Encostou-lhe a arma à boca

' E agora despede-te minha puta que nunca mais vês o teu filho ‘

E ele deixou-a ir, satisfeito pelo terror

E pôs-lhe uma acção em tribunal para ter o filho com ele

E ela fingiu ter-lhe perdoado tudo

Pôs-se debaixo dele para ser seviciada

E quando estava a dormir

Pegou numa faca de cozinha

E degolou-lhe a maldade

E criminosa ordinária foi condenada pelo sistema...

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felizmente há aquelas que conseguem livrar-se do jugo do tirano e terem a paz que merecem... sem ver o Sol aos quadradinhos...tendo paz um dia que seja na vida, a minha homenagem é para todas essas pessoas. O meu sonho é vê-las livres de qualquer tipo de violência absurda e sem sentido...

Manuel Marques
Enviado por Manuel Marques em 19/07/2007
Código do texto: T571475
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