AS CORES DA VIDA

Que hoje não seja a véspera do dia da minha morte!...

E no entanto hoje é a véspera do dia da minha morte.

...Pois, se eu morro um pouco em cada dia que passa...

Por minha sorte – por sorte de todos nós -

renascemos em cada alvorecer.

Isto porque todos os dias são iguais,

sem no entanto nenhum se repetir.

Olho o azul do céu, contemplo o azul do mar

e sinto a total embriaguez dos meus sentidos...

Uma bebedeira de Vida impossível de explicar

pois, nem o céu, nem o mar, nem a Vida... São azuis.

São imensas as cores que os meus olhos vislumbram

e sinto que nenhuma delas se pode sobrepor à outra...

Ao fitar o horizonte, percebo que este vai-se alimentando

em todos os tons da Natureza, conforme o dia vai correndo.

É imprescindível empenhar-me em viver cada instante

como se fosse o primeiro, como se fosse o único...

Preciso de sorver as cores, os odores, os sabores;

Preciso de voar nos ares, nos mares, nos olhares;

Preciso de construir pontes, fontes, horizontes...

Preciso desesperadamente de Viver

a beleza da Natureza com firmeza.

Hoje não é – com toda a certeza! -

o dia da véspera da minha morte!...

Quem contempla, extasiado, todas Cores da Vida,

jamais morre!