Um homem frente ao mar

UM HOMEM FRENTE AO MAR

Tanto o homem a alma vai gastando...

Tanto correr contra o tempo... e vai mudando

Adiando gozos, em seu pleno vigor

E no passado vão ficando

As horas perdidas de amor...

Quando o tempo cobra seu pedágio,

A saudade de sentir paixões é o adágio.

O homem olha o mar que, em ondas amantes,

Eternamente, num ir e vir quais bacantes,

Rolam no leito, em volúpias de abraços,

Dão-se às marés e ventos, sem cansaços...

O homem perdeu-se de si em buscas... sofrido,

Viu no espelho das ondas tanto tempo ido,

Na face a saudade do que pensou um dia,

No peito pulsante, a paixão que outrora ardia.

No agora, só o reflexo não é mais o mesmo.

Grita nele o fogo de quem não amou a esmo;

É chama ardendo pra ele se dar sem medos

Como as ondas que se entregam aos rochedos...

Porto Alegre/RS/2000