MÃOS E NÓS

Mãos que afagam tristezas,

Que acarinham belezas,

Secam lágrimas furtivas,

Deslizam peles, lascivas...

Mãos postas como em taças,

Colhendo todas as graças,

Guardando seios de maçã,

Lavando a face da manhã...

Mãos, de destinos o porto,

Que trazem marcas de corpo;

Recanto de um triste rosto,

No côncavo, guardam desgosto...

Mãos que adeusam sem jeito,

Ou imóveis sobre o peito,

Sagradas, num ato de vida;

Profanas, abrindo ferida...

Mãos acariciantes ou de açoites,

Extensão do sol ou das noites,

Elas falam e calam por nós,

Atam e desatam tantos nós!