Para uma Stevanato

Ela não me tira as palavras da boca, porque honestamente eu não conseguiria pensá-las.

Com uma quase brutalidade, ela me tira as palavras da alma.

As palavras dela são o achado de tudo aquilo que se escondeu.

Ela não pede licensa no reino dessas letras esguias.

Chuta, abre de sopetão, entra sem pedir, escolhe o que quer e sai batendo a porta.

Não é arrogância não.

É só a pureza, é o puro fato de já ter virado parte das palavras.

Ela não fala mais com a língua, fala de dentro dela.

Ela não procura as palavras, estas é que se atiram por ela que de vez em quando cede.

E concede aos meus confusos pensamentos um momento de repouso, de entendimento.

E todas as palavras em que penso param, somem, fogem da cabeça.

Mas não por falta de espaço, apenas por respeito em presença das que foram aceitas.

E este imenso espaço que fica é um dos melhores prazeres da noite.

Com uma quase brutalidade ela me atira as palavras na alma.