Teu prisioneiro

Bela musa de beleza forte

Faça-me seu juízo de morte

Se eu não vos servir sequer como tolo

Mate-me se encontras em mim tal dolo,

Vivo para servir-te bela senhora

Tu já não tens a beleza de outrora

Tua beleza se multiplica com os dias

Morram de inveja outras Marias

Quando sorrires teu sorriso nobre

Enquanto rastejo a ti como pobre

Implorando-te, suplicando-te: me sorrias!

Não me consolam outras Marias;

O silêncio da tua voz que cala

Desça minha rainha a essa senzala

Nada mais sou que um escravo teu

Teus olhos castanhos me compraram de vez

Tua pele branca, tua força e altivez

Fizeram-me a morte desejar

Se não puderes comigo estar

Se não pensares mais em mim

Decretas com o teu silêncio o meu fim

Mas não ausentes de mim a doçura

Não viverei sem a tua formosura

Pois amo-te e não é de agora

Então abençoa-me senhora

Deixai-me sentir o teu peito pulsar

Enquanto meus lábios passeiam por ti

Enquanto finges tentar me proibir

Escuto-te pedindo por mais

Embriagado em quase inaudíveis ais

Sou teu escravo me queira assim

Faça o que te aprouver de mim

E que eu seja preso em ti mas sem fim

Minha senhora diga-me sim.