AS PEDRAS DE MARTE

Publicado por: Richard Foxe
Data: 03/07/2019
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Créditos

Locutora: Maria Ventania
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AS PEDRAS DE MARTE

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I

Remoto brilha o sol já quase frio

neste planeta longínquo de quem amo

e nunca brota caule, folha ou ramo

a mitigar um ar que não é pio.

O tempo aqui não falta -tenho de sobra-

e a rocha é abundante e colorida:

mesmo demore o resto dessa vida

completarei com afinco a justa obra.

Assim, titã que noite e dia te pensa,

com esforço pouco humano e mais dantesco

empurrarei os penedos cor do ouro

-bem ordenados na planície imensa-

formando um letreiro claro e gigantesco,

e tu lerás da Terra: EU TE ADORO.

II

Ela nem viu a mensagem que eu pari

ou a tratou pior que bugiganga:

-recebida qual tediosa propaganda

desprezada foi pra lata do gari.

Foi vexame empurrar tanto arenito

ante a cara zombeteira dum marciano

que com olhos marotos de tucano

ria de leve acerca desse rito.

Anoitece, e sob o céu desse planeta

é costume, espreitando um meteoro,

rogar um novo amor com uma prece:

-minha súplica já parte feito seta.

E o letreiro? Eu emendo o tal “te adoro”

e lá escrevo: VOCÊ NÃO ME MERECE!

Richard Foxe
Enviado por Richard Foxe em 17/11/2018
Reeditado em 02/07/2019
Código do texto: T6504716
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