PICADEIRO!

Na arte do amor, caminho em linha tênue

Brincando com o inconsciente...

E me faço bailarina,

Dançando na ponta da sapatilha!

Ou sou malabarista

Equilibrando-me a cada passo,

Pois um deslize compromete todo o ato!

Mas esse risco excita...

Estimula o nosso querer!

Vejo-me então a perfeita artista

Nesse jogo do poder!

Sou no ato, apenas coadjuvante...

Não tenho o papel principal!

Mas ao pegar da minha pena,

Ao sentar para escrever...

Tomo as rédeas desse palco

E faço o picadeiro tremer!

E posso torná-lo domador...

Apresentador ou mesmo palhaço...

Um cãozinho obediente...

Ou um alazão preso ao laço!

Deixo a submissão esquecida

Pois na escrita uso a ironia!

E na cama, ao te dar prazer...

Eu sou apenas uma mulher...

Sedenta por um homem como você.

É mais uma das armadilhas

Que nós mulheres usamos...

Para os satisfazer!

E jurarei amor eterno...

Enquanto cumprir seu papel...

Senão, recolho o picadeiro

E vou acampar em outro terreiro!

Revivendo meus variados personagens

Pois o espetáculo não pode parar!

E eu me alimento dele

Para fazer minha poetisa brilhar!