À deriva

Deito-me em seu regaço e habito os seus sonhos.

Em sua aura, velejo por águas azuis.

Sou agora parte de você. Estou em você.

Guio-me pela luz dos seus olhos na calmaria deste oceano, onde sopra a brisa do seu respirar e faz inflar-se o velame da minha existência.

O som do quebrar das ondas, mescla-se ao pulsar de seu coração.

Estou navegando à deriva.

Não existem rumos, quando o porto nos circunda.

Não existem caminhos, quando o chegar não importa.

Não existe o tempo, quando o relógio emudece, o sol permanece e a lua, apenas espera...

Seu amor aquece, seu carinho aconchega.

O leve tremor de seus lábios... Prenúncio das lavas de uma paixão que queima, teima, persiste, resiste, arrasa e faz renascer...

Milhares de vezes ao dia, milhares de dias por hora, milhares de horas por minuto...

Quero morrer de outra vida e resurgir em sua alma,

Em cada noite que se faça, em cada manhã que insista...

Em cada flor que se abra e viva apenas um dia,

de tamanha plenitude, de completa harmonia...