narciso e o devir



a princípio pensei que tão singular pedido não passasse de um lamento, mas diante da total incapacidade de uma negativa, assegurou-me que o tempo, embora assustadiço, não passa de um engodo que nos faz compreender os tormentos da alma, sem contudo, exigir com precisão qualquer resposta quê não seja: sim!  e eu tive que pagar pelo resgate ou acabava resignada sem compreender inteiramente o que passava. fiz saber das coisas e mergulhei no rio, aceitando a fluidez, comecei a conhecer a inevitável atrocidade que me impulsiona sem medo à perfeição que simboliza o que está por trás da eternidade. a palavra se esgarça com o pretexto de exorcizar-me e, a curiosidade estranha me convence cada vez mais, que os olhos borbulham e as línguas se impregnam de imagens, com as quais "narciso" se alegra.
 


imagem: "narciso e o devir"
colagem sobre papel canson
luciah lopez