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Eu não presto - pelo menos não para este mundo. Se alguém prestar, por favor, me avise. Se alguém puder, me console dizendo que ainda existe alguma alma por se salvar. Eu não a vejo, não a pressinto, não a prevejo. Não acredito.

A minha alma, mais algumas de que tenho notícias, já foram vendidas em pactos com demônios vadios, nas esquinas do desconsolo.

E temos essa mania verborrágica. Falamos dos negócios do espírito e dos negócios de gente. Acreditamos nas mentiras que nos contam, tentamos ser bons, mas somos apenas tolos - porém esperançosos. Perdidos, entretanto.

"Não nos disseram que havia uma guerra e era preciso trazer carne e fogo." Para Drummond ou para nós, para cumprirmos nossas promessas ou para gastarmos as nossas divisas? Também hoje há guerras, entre todos nós, entre tudo nosso, entre mim e mim mesma, entre mim e ti.

E eu digladio contigo, meu amigo distante. Às vezes o firo deliberadamente, por um bem maior, geralmente teu. Repara: são erros, loucuras, maldades, poesias... que as almas perdidas praticam por aí.



Fernanda Gadêlha