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Deixo que o que escrevo, me descreva.
Mas, atrevo-me a dizer que sou poeta
e, inda assim, não defino-me,
na poesia. Aqui e ali, eu quero
a tudo por companhia.

Se não quero regras em meu viver,
tambem não as quero no verso,
o que seria reduzir meus passos,
na heroica cena poética.

À amarrar-me a uma simulação estética,
propria doutras formas de alienação e crença,
eu, que não tenho Deus nem céu, caminho pelos prados.

Não quero meus poemas assemelhados a signos de
liturgia religiosa, preenhe de interditos e de "pecados". Prefiro me deixar tomar,
pela anarquica antitética.

Para mim, o poema é a mais perfeita forma de
libertação, lugar do acerto e do erro natural,
da autocritica de uma natureza imperfeita,
do acaso, do ocaso, do "eu caso"
dito a mulher a que se ama.
É o elogio da beleza, o aroma do doce de cajú,
chupar Lima da Pérsia no pé, é dar fuga a Avis Rara
em que, por vezes, se transmuta
nossa alma diversa e cara.

Se não me defino, então, é porque definharia
e sucumbiria ao chão, numa abulimia
de emoções vadias, maltratando a morfologia
incerta da vida, aprisionando as musas em rimas e metricas, pretensiosamente "criveis".
Fosse assim, folgo em dizer, a poesia me
pareceria futil, e mesmo, de todo modo, impossivel.