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O tempo que tenho é o que virá, se vier,e passará, porque, enquanto paramos a  pensar o agora, ele já é passado. Meus filhos são do mundo, mas consagrados a Deus, que os tem ensinado a ser atores e construtores da vida e da fé. A poesia é miha forma involuntária de viver. Escrevo na tentativa de me expressar - a mim, ao que me lê... - Habito, habitamos todos, o espaço entre o ser e o não ser, o crer e o não crer, o viver e o ser vivido, o fazer e o não fazer... o dizer e o não dizer. A poesia faz nossas almas dançarem entre a realidade e o sonho. É celestial, quando nos transporta, serenamente, por águas cristalinas em que incessantemente nos unificamos e nos dissolvemos para, no veio da terra, nos esvairmos e fertilizarmos o mundo com nossos desejos mais intensos tanto quanto fugidios, como o tempo em toda a sua eternidade na concretude etérea do poema-vida. É terrena e concreta, quando se transforma em instrumento de mudança, dando voz aos silenciados e fazendo do silêncio reflexão, e da reflexão ação. Escrever pode ser diabolicamente inquietante...
Escrever é uma espécie de não calar, assim como o calar é uma espécie de dizer - entrelinhas gritam... As palavras ditas são sempre a ponta do iceberg dos sentimentos e sentidos que moram em nós. A palavra escrita, em prosa ou em verso, expressam a angústia do dizer incompleto, às vezes o sentimento de insuficiência frente à realidade interna e externa... Não calar é lutar. É ser um elo na corrente que, fortalecida, resistirá às opressões. É um ato de resistência, e pode ser o princípio da mudança.

As crianças têm flores nos olhos
E sonhos nas mãos!
Os brutos, armas nas mãos e pedra no coração.
Os homens, a poesia.

Anabe Lopes