Vivo bem no Rio de Janeiro. Com tudo que tem de ruim por aqui, ainda assim, é o melhor lugar em que vivi nestas cinco décadas de andanças. Pensou se fosse como antes, se tivéssemos o clima dos anos 50 ou 60, o Rio seria então a cidade mais que maravilhosa. Tenho um bom emprego, mas não fazem um bom uso de mim. Vejo um pouco menos do que fui, a cada dia. Espero, por fim, me transformar apenas num aposentado de tudo e de todos. Então vou morar numa ilha. Bem o fez Saramago, longe da sua península.
Minha vida no lar tem sabor de macarronada italiana aos domingos. Muito amo, tal qual um gato.
Também aprecio os cães, as bicicletas, os passarinhos (aliás, no idioma espanhol, a palavra mais linda que conheço é "pajaritos") e o ar, todos livres. Falando do idioma espanhol, porque não o oficializamos como segunda língua desse Brasil latino america ? Se houver a união ibérica, viva Saramago, olha ele de novo, estaremos integrados.
Ao meu redor, mantenho meus livros e minha música, integradas e selvagens. Beijam, mas mordem. Sinto-me como um peixe que nunca percebeu que vive molhado e, no entanto, a água continua mais acolhedora que nunca. Assim, "più a meno", tenho escrito.
