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Eu sou um homem cansado. Sempre que escrevo, morro.

Não aguento mais escrever poesia. A poesia é para mim o que a droga é para o dependente químico. Ela me mata, me estraga, me corrói, me destrói. A poesia é destilada, uma gota concentrada do que sinto e penso. A poesia é a fumaça corrosiva que atravessa meus pulmões, é a substância estimulante que perturba meu sossego. Eu quero me libertar da poesia. 

Por outro lado, gosto de escrever contos e crônicas. Gosto de falar detalhes, de registrar pedacinhos do tempo e do que minha percepção consegue captar. Gosto da prosa, das linhas soltas de pensamentos. 

Sou um assistente Social cansado, um pesquisador cansado, um ativista cansado,  um cansado cansado de estar cansado. 

Escrevo porque assim me liberto. Exceto a poesia, ela me prende em agonia, de noite e de dia, me traz delírios em forma de fantasia, faz da minha calma histeria, faz da minha mente lisergia e como se fosse uma liturgia devora minha carne que hoje chora o que antes sorria. Eu odeio a poesia.