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Eu olhei para mim, nos olhos nus, despidos de qualquer pudor, a procura de uma razão,  uma única que fosse, uma razão. Fiz síntese,  análise, explanação, contabilidade... Medi feitos e desfeitos sonhos vi indo para o ralo, qual água de banho... Pesei meus dias nos pratos da balança,  aferi mudanças,  nem sutis,  nem mansas... Senti pujança,  força de maré que tudo revira, não é o que vira antes em mim. Sou alguém que gosta mais hoje do que antes de si, ainda que desgosto haja de alguém que gosto. O riso grande, que rasga a cara, logo descara a dor doída de incompreendida vida. Não sou árvore enraizada, forte acácia! Sou, antes, mais parecida com o fogo,  incinerando diariamente maledicências e pequenas tragédias. Ou água na busca do rio,  que escorre da mão que deseja prendê-la. Ou o vento, que sonha de ventar, carregando cores e suaves perfumes de chuva, magnólias e manacás. Não se prende, não se guarda o ser que se desvencilhou dos grilhões da vida desvalida... Incompreendida vida!

Cassia Caryne, mineira, nascida em 02/05/1966, casada, mãe e avó.  Psicóloga e servidora pública federal aposentada. Acadêmica da Academia Lagopratense de Letras-ACADELP e, da Academia de Letras e Arte de Arroio Grande - ALLAG, RS.  Membro da Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil-AJEB. Livros publicados: Sussurros da Alma:crônicas e poemas e Enlace de Letra e Cor. Atriz no curta-metragem Um Poema a Gael, de Cristian Felipe. Coralista do Coral da Fundação Embaré e membro do grupo ACADELP EM SERESTA.