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Oscar Araripe
Vida, Literatura e Afins
Atualmente morando em Porto Seguro,Bahia, com galerias pessoais em Tiradentes, Minas Gerais e Ipanema, Rio de Janeiro, Oscar Araripe nasceu na Tijuca, Rio de Janeiro, em julho de 1941. A mãe cearense e o pai gaúcho logo foram morar no bairro proletário do Encantado, onde o pai, médico, e a mãe, professora, exerciam suas profissões.
Desta época o autor lembra os ecos rudes da guerra - a difteria, o carro a gasogênio, o começo da miséria que há muito se abatia sobre os povos do mundo. Rebelde, sonhador, tem péssimo desempenho escolar, sobrevindo-lhe doença quase fatal. Depois, mais saudável, descobre as alegrias de uma meninice solta e suburbana, ao lado de belas fruteiras e morros e campos de futebol. Ali, naqueles quintais, aprende os ventos pelas pipas, o gosto da fortuna aliado à audácia, a sociabilidade independente, a grande beleza do pequeno. E do grande. O universo na bola de gude. Lê Júlio Verne, o Robin Hood, o Robinson Crusoé, os três Mosqueteiros, os heróis dos quadrinhos americanos. “Os mais belos quadros eu vi nos “quadrinhos”. “Muitos de meus gestos aprendi e exercitei fazendo e soltando pipa” - iria mais tarde declarar.
Depois, subitamente, os pais mudam-se para Ipanema e Oscar Araripe pula das pedras do Arpoador, freqüenta a Praia do Diabo e toma chope no Jangadeiros. É a Ipanema de antes da Garota: os anos 60, e a política toma conta de tudo, parecendo poder salvar a própria vida. O autor entra para a Faculdade Nacional de Direito. Sobrevém o golpe de 64.
Faz parte do CACO-Livre. É cassado. Viaja aos Estados Unidos, como bolsista da Interamerican University Foundation, em 66 e 68. Freqüenta seminários, a Harvard Square e o convulsionado Campus da Universidade de Harvard. A América mesma está convulsionada: a guerra do Vietnã e a luta pelos direitos civis. Araripe interessa-se pelo teatro. Escreve ensaio sobre o teatro Americano contemporâneo. Ganha viagem à França. Volta ao Brasil. Traduz Peter Brooks, "O teatro e seu Espaço", para a Vozes. Adapta e encena, em Ouro Preto, com Maria Fernanda e Othon Bastos, O Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles. Escreve "O Enviado da Transilvânia", sátira para teatro em três atos, felizmente perdida num trajeto de táxi, em Roma. É punido pela Censura Federal em episódio que origina a Greve do Teatro. Interessa-se pela pessoa humana. Milita na AP e escreve o ensaio "Breve Estudo Introdutório aos Personalismos", que lhe vale bolsa de estudos na Universidade Pró Deo, de Roma.
Aí escreve para publicações brasileiras. Viaja pela Europa. Organiza, com outros, passeata em Roma contra o AI 5. Volta ao Brasil, 1969. É crítico teatral, editorialista cultural, colunista, redator e repórter do Correio da Manhã, Última Hora e Jornal do Brasil. Edita, com Augusto Rodrigues, o jomal Arte e Educação. É membro fundador da Sociedade Intemacional de Educação Através da Arte (INSEA). Viaja a convite à Polônia, à Alemanha, à China. Publica "China: O Pragmatismo Possível" pela Artenova, alcançando grande sucesso. 1975 - É citado na Bibliografia do Novo Dicionário Aurélio. Deixa o jornalismo. Faz literatura. Participa de Poemação, com Roberto Moricone, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Publica "Maria na terra de meus olhos", pela Rocco, com prefácio de Antônio Houaiss e Eduardo Portella. É verbete na Enciclopédia da Literatura Brasileira, de Afrânio Coutinho.
1976 - Oscar Araripe passa a morar por 13 anos em Mirantão, MG.
1982 - Publica "Marta, Júpiter e Eu" pela Marco Zero, com prefácio de Márcio Souza. Dele diz Marcelo Rubens Paiva, em Veja, em agosto de 1983:"Uma carta de amor à natureza e, sobretudo, às mulheres".
1984 - Escreve "Eu Promeu", alentada prosa, finalmente com 400 páginas, e com a qual encerra sua trilogia literária. Como calígrafo e desenhista faz 12 "transcrições visionadas" de inscrições rupestres do Brasil, a que chama Pilares. Conclui o pilar Oui Xiang-Xing Oui.
1988 - Expõe na Galeria Olívia Kann, em Ipanema, paisagens e O Pilar do Areião.
"Coloquei sobre a mesa aqueles duzentos e tantos desenhos, feitos com uma incrível mistura de materiais - acrílico, pastel, tinta industrial, bico de pena, markers - sobre um inusitado papel vegetal. Fui passando um a um como páginas de um livro. Esta aproximação que faço com o texto não é absurda, afinal Oscar Araripe, autor e animador teatral, personagem de 64 e 68, autor de um livro de sucesso sobre a China e desde 1975 romancista, desenha e pinta um pouco como escreve, de um jorro só. E, devo confessar, foi uma viagem delirante como se, careta como sou, tivesse feito minha primeira viagem" - diz Frederico Moraes.
"Oscar Araripe...um clarão aberto na jungle da pintura" - diz Jean Boghici.
"De seus pincéis luminosos brotam visões totalmente novas de nosso patrimônio barroco e da paisagem mineira dominada pelas montanhas"- diz Hélio Carneiro, em Manchete.