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Perfil

Estou com 60 e uns anos de idade.Há quatro anos sou aposentada.Gosto de um bom papo, de jogar cartas (Buraco, Mexe-mexe e Oito Maluco), ler, fazer Palavras Cruzadas, ir ao cinema, um bom show, música romântica e MPB e também de uma mesa farta e viajar quando posso. Gosto também de artesanato e jardinagem.

Sou casada há 48 anos e a proeza maior é que continuo com o mesmo marido: não sei se por acomodação ( “Tolerância 100”).O certo é que tenho um relacionamento que deixa muito a desejar no que diz respeito homem X mulher. Como amigos, somos ótimos e vamos levando.

Tenho cinco filhos: Luiz Carlos, Rosana, Fabrízio, Hélio e Viviane. Todos são profissionais do Direito e, apenas o Hélio, ainda é Acadêmico. A Viviane é também Odontóloga mas resolveu seguir a carreira dos pais. Tenho ainda a Bebel, a Vilanizinha, o Ailizinho, o Quinquim e a Fátima, que são sobrinhos muitos queridos ao meu coração, sendo que a Fátima - para os íntimos Pretinha - é como se fosse uma filha, morou comigo desde os 10 anos tendo saído de casa apenas para casar-se, e a ela muito devo pois ajudou-me a criar os meus filhos e sofreu também conosco nos tempos das “vacas magras”.

Temos um Quintal maravilhoso, dizendo meu marido - João Melo - que é o lugar que Deus nos deu de presente devido a sua beleza e em razão das alegrias que ele nos tem dado.

À propósito do nosso Quintal, todos que o conhecem acham o local muito aprazível e recebemos muitos elogios pelo espaço que temos e o que é melhor: fica a menos de 900 metros da Praça Central de Teresina (Capital do Piauí). Apenas o Rio Parnaíba a separar-nos. É um local ideal para encontros familiares e de amigos.

Não obstante tudo isso, às vezes (não sei se é quando levanto com o pé esquerdo) não enxergo suas belezas e já fiquei várias vezes com vontade de vendê-lo.

Ocorre, entretanto, que, quando viajo, me bate uma saudade danada e fico lembrando até dos “caminhos que as formigas fazem”.

Um dia desses, lendo uma Revista “Brasil Rotário, deparei-me com o seguinte texto de Gerson Gonçalves (Sócio do R.C.Londrina-Norte-PR):

“Li a respeito de um pequeno comerciante, amigo do poeta Olavo Bilac – 1865/1918 -, que ao encontrá-lo na rua pediu-lhe o seguinte: “ - Bilac, estou precisando vender o meu sítio que você bem conhece. Gostaria que você redigisse um anúncio para ser colocado no jornal”.

Olavo Bilac apanhou o papel e escreveu:

“Vende-se encantadora propriedade, onde cantam os pássaros ao amanhecer, no extenso arvoredo, cortada por cristalinas e marejantes águas de um riberão. A casa banhada pelo sol nascente oferece a sombra tranqüila das tardes, na varanda”.

Meses depois, o poeta encontrou o amigo e perguntou se o sítio havia sido vendido.

- Nem penso mais nisso. Quando li o anúncio é que percebi a maravilha que tinha! respondeu o amigo."

Estou tão acostumada com o ambiente, com os “bichos”, com a lagoa e tudo mais que me cerca e de tão comum (para mim) não lhes presto muita atenção.

Já disse alguém, com maestria, que a rotina é uma madrasta que nos apanha em todas as situações; rotina no casamento é perda do encanto inicial e favorece o afastamento mútuo; no trabalho passa a ser uma monotonia irritante, tornando-se um fardo.

Portanto, antes que eu encontre um Bilac para fazer o meu anúncio, eu quero continuar a enxergar as belezas do Meu Recanto e vê-lo com os olhos do amor e continuar a partilhá-lo com todos os amigos e com todos aqueles que amam a natureza.

SEJAM BEM-VINDOS!

Vilani Carvalho