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CANÇÃO DE POETA



A lembrança eclode
Num dia qualquer,
sem hora marcada
Abre porteira do tempo
Para remota época do meu viver
Onde lampião faz lume
E uma sanfona geme feliz
É baile de roça!...
As moçoilas se enfeitam risonhas
E até abusam do perfume...
Querem entre o rodopio de uma dança
Encontrar o que o coração sonha.
Eis que de repente...Um cavaleiro solitário
Brota do negrume da noite
Garboso em sua montaria
Arrancando suspiros em coro.
Um rubor intenso cobre a face
De quem aguarda seu retorno
Foram meses de espera
Repletos de solidão,
coroados de saudade
E mesclados de angústia febril...
Apeia lentamente deixando os olhares curiosos
Acompanharem o rumo de seus passos
Olhos fixos, mão estendida
Buscando a cintura fina
Para a dança começar...
Não no salão, mas em cima da montaria inquieta
Para perder-se no caminho, junto com seu bem-querer
Tudo isso no compasso da sanfona, que gemendo sem sofrer
Formam as notas singelas
Da canção de um poeta.

Norma Bárbara