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Meu universo começou a ser descoberto com uma luz, que ora prefiro chamar de leitura. A leitura pode ser feita em três olhares: o situacional, o emocional e o racional. Ela perpassa a idéia de decodificação dos signos e num dado momento se hibridiza com nossa alma.
A leitura nos leva ao mundo da fantasia numa tonalidade de cor que mais parece à realidade. Ou então, episódios do mundo tatuam nossa alma com um tom sombrio. Aprendi ler a vida com a morte do meu primo em 1994. Aprendi ler a vida quando a morte estava à porta e a vida estava por um fio. Eu sou livre para viver. Por que preocupar-me com a morte? Ainda não aprendi ler os livros, embora os decodifiquem, porque os livros não têm apenas letras formando palavras, estruturadas nas frases, organizadas em períodos que formam parágrafos, para completar um texto, obedecendo a um contexto, distribuídos em capítulos, formando uma obra. Os livros têm pensamentos ocultos e manifestos até. Têm ideologias implícitas e explicitas. Sonhos realizados e até frustrados. Têm a vida e a morte. O nada e o tudo. O antes e o depois do autor. No livro as identidades se afloram. As ideologias encontram moradia. O locutor torna se parceiro do interlocutor ou quem sabe vilão.
Um momento arquivado na minha memória com relação á leitura não é tão agradável, porém essencial. Eu explico por que.
No ano de 1990, meu pai vendeu as suas propriedades no povoado de Ramos de Presidente Dutra e comprou uma casa em Lapão. No mesmo ano migramos para essa nova cidade. Lembro-me que ocorreu essa mudança, eu estava cursando a 2ª série do ensino primário, mas com uma ressalva. Eu não sabia ler. E quando falo ler, é decodificar mesmo. Eu não sabia decodificar nem mesmo a palavra CA-SA. Fui matriculado na Escola Municipal de Lapão neste mesmo ano na 2ª série do ensino primário, e diante desta dificuldade os meus professores juntamente com a Diretora da escola, acharam por bem me transferir para a turma da 1ª serie, como forma de garantir a minha alfabetização.
Para ser sincero, não lembro mais o método que a professora utilizou para me ensinar a ler, nem me lembro do nome da minha professora alfabetizadora. Eu sei uma coisa, este episódio me motivou a buscar dia-após-dia a recuperar aquele ano perdido, ou seja, aquele ano eu fiquei com uma defasagem de idade/série.
Não me considero um leitor eficaz, dedicado e outros tantos adjetivos...! Porém, busco na leitura a minha sobrevivência, “o meu pão nosso de cada dia”. Eu me divirto, me distraio, me liberto, me alimento com a leitura. Leio a Bíblia todos os dias e leio também outros textos.
Para mim, a leitura tem cor. Ela colorida quando nos apresenta todas as possibilidades de vitórias sobre todos e quaisquer adversários, mas ela também nos mostra uma tonalidade sombria quando a realidade nua e crua desfila nas passarelas da vida.