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O quarto vazio não intimida. É parte da memória. A janela que teima em não abrir e os armários, tão diferentes. Todos vazios. Por aqui, não há mais carrinhos. Nestas linhas traçadas no chão nunca mais uma corrida. Esta mesa, agora sem fios, se esvazia. O instrumento de um escritor já não está mais aqui. Pergunte então às paredes azuis. O que diriam? Narrariam tardes entre amigos. Apontariam marcas de amizade e amor. Talvez uma confissão. Provavelmente, uma história que se divide em tantas outras. O mar da memória me invade novamente, tão profundo quanto aquele que agora banha as areias desta praia, a alguns passos daqui. Histórias de um amigo que espera sua carona ao cinema ou um poeta que perdia o sono por sua amada. Fiel e apaixonado. Estas histórias sem paredes ou barreiras, traduzidas nesta parede azul, o chão branco e armários de madeira. Quem sou? Abra a porta. Talvez encontre uma resposta.