João Cruz e Sousa, o cisne negro
 
Em 1861, nasceu João da Cruz e Sousa na cidade catarinense de Nossa Senhora do Desterro. Filho de escravos alforriados, recebeu educação esmerada de seu ex-senhor e pai adotivo, Marechal Guilherme Xavier de Sousa, que também lhe deu seu sobrenome, Sousa.
 
De 1871 a 1875, estudou no Ateneu Provincial Catarinense, onde aprendeu francês, inglês, latim, grego, matemática e ciências naturais. Aos oito anos, já escrevia versos, homenageando seu protetor.
 
Em 1881, fundou com Virgílio Várzea e Santos Lostada, o jornal Colombo, no qual já deixava transparecer suas ideias abolicionistas.
 
Em 1882 e 1883, viajou pelo norte do país, como secretário e ponto de uma companhia teatral, aproveitando para realizar palestras abolicionistas.
 
Em 1884, foi nomeado pelo presidente da província de Santa Catarina promotor de Laguna, mas não assumiu o cargo, por ser negro. O fato deixou-o profundamente frustrado e aumentou seus sentimentos abolicionistas. Publicou Tropos e Fantasias, em colaboração com Virgílio Várzea.
 
Em 1888, foi para o Rio de Janeiro, onde morou apenas oito meses, porque não conseguiu trabalho. Nesta viagem, conheceu Nestor Vítor, que se tornou seu amigo e divulgador de sua obra.
 
Em 1890, decidiu mudar-se para o Rio de Janeiro, onde colaborou com revistas e jornais, publicando seus manifestos abolicionistas. Conseguiu uma vaga de arquivista na Central do Brasil.



 
Publicou em 1893, Missal (poemas em prosa) e Broquéis (poemas), obras que marcam o início do Simbolismo brasileiro. Neste mesmo ano, casou-se com Gavita Rosa Gonçalves, com quem teve quatro filhos. Sua vida foi marcada pela tragédia: não só a relativa ao preconceito racial, mas também à sua família, pois seus quatros filhos morreram prematuramente de tuberculose, e sua mulher enlouqueceu.
 
Em 1894, também tuberculoso, foi para Sítio (MG), cidade de clima favorável para a sua doença, na esperança de melhorar.
 
Em 1898, morreu na cidade onde fora buscar alívio, vítima da tuberculose.
 
Seus livros Evocações, Faróis e Últimos Sonetos são póstumos e foram lançados em edições organizadas por Nestor Vítor.
 
A poesia de Cruz e Sousa segue a estrutura formal do parnasianismo, sonetos e rimas ricas. Entretanto o autor acrescentou-lhes outras características próprias do simbolismo: musicalidade, mistério, espiritualidade, com efeitos sonoros, riqueza de vocabulário, sinestesias e antíteses. Quanto ao tema, observa-se a preocupação social, onde a dor do homem negro combina-se à dor de ser homem, o que atribui à sua obra um tom filosófico que reflete a angústia, o pessimismo e o tédio. Então o poeta envereda pelo lado místico, buscando o mundo espiritual como consolo para sua dor. Contrastando com a cor negra, emprega em quantidade palavras que indicam a cor branca: neve, espuma, pérola, nuvem, brilhante, etc., refletindo, desse modo, sua obsessão, tipicamente simbolista, pela imprecisão, pelo vago e pela pureza. Sua obra ainda apresenta outras características dignas de nota, como a sensualidade, a autoafirmação, a subjetividade e o culto à noite.
 
Referências:
http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u598.jhtm
http://www.nossacasa.net/literatura/default.asp
http://www.livrosparatodos.net/biografias/cruz-e-sousa.html
http://www.cervantesvirtual.com/portal/FBN/biografias/cruz_souza/index.shtml
http://www.brasilescola.com/biografia/joao-cruz-sousa.htm
 
 
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