MINHA HISTÓRIA COM A MÚSICA ROSA VERMELHA

No ano de 1996, há cinco anos eu vivia com a jovem pela qual me apaixonara a primeira vista e com ela desejara viver até o dia de morrer. No mês de agosto desse inverno muito chuvoso, justamente no dia vinte e três, dia em que eu (e pensava que ela também) comemorava a data em que começou nossa união, ela me deu a notícia de que de mim decidira separar-se. Minha vida então desmoronou, pois todos os meus projetos, meus sonhos e todas as minhas aspirações eram baseados nela e, a meu ver, estávamos nos últimos ajustes de um relacionamento baseado em muita amizade, compreensão e sinceridade.

Passei a viver em uma amarga escuridão, um sistema que apertava meu coração, me fazendo sufocar durante as vinte e quatro horas do dia, pensando unicamente na separação e articulando infinitos argumentos com os quais haveria de defender minha permanência no casamento caso me fosse concedida apelação.

Aqueles dias turvos e turbilhões foram passando como uma tempestade impetuosa e fui sobrevivendo a cada um deles graças a um rádio de fones de ouvidos que ela deixava em casa e eu usava para ouvir a Rádio Novo Tempo 99.9FM enquanto trabalhava. E dia após dia sua indiferença e ausência foram aumentado, rasgando mais minha alma e meu coração, me mostrando pela independência que ela se outorgava que seu coração não só já não me pertencia, mas que ela nem mais tinha consideração por meus sentimentos e minhas honra, declarando-se assim que o fim era inevitável.

Havia dezessete anos que me afastara da comunhão da Igreja Adventista, onde eu nascera e fora ensinado. Dessa comunhão saíra com o pretexto de que não estava bem certo de que Deus existia e de que a Bíblia representava mesmo o Soberano do Universo. Na verdade, jamais me convencera disso e toda vez que fora confrontado pelo diabo com doutrinas estranhas, especialmente com as doutrinas espíritas, que algum conflito produziram entre eu e ela, muito desejava voltar à comunhão adventista, cujas pessoas falavam minha mesma língua de comprometimento para com o amor e o sentimentos das outras pessoas.

Nesse momento, mais do que nunca, senti-me pequeno e necessitado do ombro dos irmãos, de sua intercessão junto a Deus e do aconchego de uma casa de orações. Comecei a ouvir, portanto, a Rádio Novo Tempo 99.9FM no walkman da minha esposa, pois, apesar de sentir a necessidade da comunhão, não ia à igreja, esperando estar em casa na noite que ela chegaria mais sedo e diria que mudara de idéia.

Eu não ia à igreja, mas Deus vinha me buscar em casa, no caminho ou no trabalho, falando com amor ao meu coração dolorido e me dizendo quanto valor eu tinha para Ele. Uma canção muito linda tocava quase toda hora e eu não perdia sequer uma oportunidade de saboreá-la e compreendê-la ao máximo. Na voz de senhor e pai do irmão Luiz de Carvalho, a música Rosa Vermelha vinha diretamente de Jesus para o meu coração e, entre todas as frases lindas, uma me dizia que se eu quisesse podia ser uma flor no grande jardim que Ele estava plantando. Antes, porém, dizia, que, olhando este mundo, Ele tinha visto grande multidão andando sozinha e perdida. Compadecido dessa multidão a esmo, Ele veio, foi condescendente com seu sofrimento, mas foi esmagado pela multidão equivocada. Seu amor, porém, tão grande, apegou-se em forma de perfume à mão dos que O esmagaram, concedendo-lhes perdão por toda ignorância e maldade. E depois de ter ficado morto por três dias, Ele ressurgiu, fazendo ressurgir com Ele também todas as flores a cujas mãos Seu perfume se apegou, sendo uma dessas eu, se eu desejasse.

Assim, eu ouvia Jesus dizer que não importava quanto eu tinha me oposto a Ele e sua Palavra, não importava quantas vezes O negara, tampouco importava se somente voltava a Ele agora porque o mundo me negara a felicidade que nele procurei. Importava sim é que Ele estava começando tudo de novo e que toda essa nova chance fora criada só para mim e que seu eu não aproveitasse essa chamada a felicidade dEle não seria completa.

Ouvindo então essa canção, de pouco em pouco ia me sentindo importante para Jesus, conseguindo sobreviver, embora, com o coração muito dolorido, ao desprezo e indiferença da minha esposa.

Passaram-se os dias e nosso casamento não teve solução. Por fim, saí de casa e passei mais dois anos sufocado, tateando na tempestade da separação, jogado de um lado para o outro, fazendo muitas perguntas, tentando encontrar algumas respostas e discursando minha defesa quase dia e noite. Enfim, cedi à voz de Jesus e voltei para a comunhão da igreja em vinte e três de agosto de 1998, o dia daquele aniversário. E, após batizado, depois de algum tempo, além de ter o privilégio de pregar, eu solava nos cultos as músicas do pastor Ronaldo Arco, um barítono, cuja voz tem a mesma altura da minha e pego seu tom e melodias com muita facilidade.

No inverno de 2001, o irmão Paulo Peruzzo, de Brasília, visitou nossa igreja Adventista central de São Leopoldo e por aqui ficou uns dias cantando e vendendo seu CD Alegria Eterna. Num domingo desses dias, atendendo meu convite, participou de um programa de música evangélica que eu apresentava na rádio 1530AM e me presenteou com um dos seus discos, o qual eu já sabia que continha sua versão com voz e playback da música Rosa Vermelha. Ao chegar em casa, pus a rodar o playback para ver se com alguns ensaios seria capas de cantar a música que tão carinhosamente me falara do amor de Jesus por mim naqueles dias de tanta dor. Surpreendentemente, sem o menor esforço, cantei-a como um profissional e desde aquele tempo sou sempre convidado para cantar com expressa emoção essa canção que encanta todo mundo, usando o vozeirão quase paterno que Deus me deu.

Agradeço a Deus por toda tolerância, pela amizade e pelo carinho que tem demonstrado por mim, apesar de eu não ser um filho como Ele gostaria que fosse. Agradeço por me permitir cantar essa música para engrandecer Seu amor e acalmar os corações aflitos. E especialmente agradeço por Ele ter me dado a Rita, para quem sou importante e por mim demonstra amor, respeito e ama ouvir-me catar essa música. Agradeço a Deus por todas as oportunidades e socorro que tem me dado ao longo da minha vida e desejo melhorar cada dia mais, para sempre (mesmo após os eventos finais) poder usufruir da delícia da presença de Deus e da felicidade de ter o entendimento e a visão adventista.

Wilson do Amaral