Quantas coisas cabem num ano, ou em alguns anos??!

Certo dia, lendo um texto de uma professora, deparei-me com a história de sua vida durante aquele ano e achei muito interessante. Parei para refletir e pensei: vou "plagiá-la" rs. De fato, há um tempo que tenho vontade de compartilhar algumas coisas que aconteceram durante a trajetória de minha vida, e o texto daquela professora incentivou-me ainda mais.

Então, vamos lá!

Ao pensarmos na retrospectiva de nossa vida durante o ano que passou ou alguns remotos anos, podemos imaginar: "Nossa! Aconteceu tudo isso mesmo". Assim, se fosse contar tudo que aconteceu, teria que escrever o meu tão almejado livro, rsr, mas ainda não o tenho elaborado.

Assim, resumindo algumas coisas, quero começar por uma experiência profissional e algumas familiares.

Sou uma pessoa cristã, nasci num lar evangélico, e sempre tive muita fé em Deus, e isso foi e é meu combustível de sobrevivência.

Após uma tímida e sofrida infância, iniciei na vida profissional aos meus doze anos de idade, quando aprendi a costurar e nunca mais parei, até mudar de profissão aos 25 anos.

Seguindo a tradição de pessoas evangélicas da década de 90, casei-me aos 17 anos.

Engravidei de minha primeira filha aos 18, quando vi aumentar minha responsabilidade e senso do dever de dar-lhe uma vida digna.

Apesar de morarmos próximo a minha mãe, não podíamos contar com muita ajuda física ou material na criação da minha filha. Assim, eu e meu marido ralávamos para trabalhar, cuidar da casa e de nossa filha.

Passei a trabalhar em uma confecção de corte e costura para aumentar a renda familiar.

Dois anos se passaram e eu engravidei do meu segundo filho. Um menino. Trabalhei numa máquina de costura, em casa, até o dia do parto, pois precisava daquele orçamento para manutenção das nossas despesas.

Com o nascimento do nosso menino, pensei logo em voltar a ativa, trabalhar, mas em alguns meses percebi que a saúde dele não era como a de nossa menina, requeria mais cuidados e atenção, o que contarei em outra oportunidade.

Aos três meses de idade dele tive que parar com toda minha vida profissional, nesse tempo já estava com uma ótima clientela em casa, e uma boa renda. Ficaríamos um tanto apertados sem aquele dinheiro se não fosse uma providência divina: com o dinheiro que recebia das costuras, todos os meses da gestação, fizemos um plano de capitalização da caixa econômica federal, que concorria a prêmios mensais, e quando nosso filho nasceu, fomos contemplados com um valor que, à época, foi suficiente para suprir nossas necessidades com médicos, exames e até comprar nosso primeiro carro: um fusca 83.

E assim, foram três longos anos, correndo com nosso filho de médico em médico, cidade em cidade, hospital a hospital, recebendo muitas das vezes palavras de desesperança quanto ao futuro dele.

Só que havia um porém, a minha, a nossa fé!! E assim, tudo que os médicos falavam de negativo, rebatíamos com nossa fé, e orávamos dia e noite, e percebíamos as mudanças em sua saúde no dia a dia. Até que nos seus três anos de idade, todo o quadro estava revertido, graças a Deus!!!

Nesse tempo de luta, abstivêmo-nos de todas as coisas e prazeres do mundo e só buscávamos aquilo que nos aproximasse mais de Deus, então, costumo dizer que oramos tanto, ficamos tão perto de Deus que quanto Ele resolveu nos ouvir, as bênçãos vieram em forma de chuva, pois logo após a cura de nosso filho, eu que era autônoma, há uns oito anos sem estudar, embarquei no estudo pra três concursos públicos que saíram naquele ano em que nosso filho completou 3 anos de idade. E para nossa felicidade, eu passei e fui chamada nos três. Eu, que sonhava e pedia tanto a Deus, dizendo que precisava apenas de uma vaguinha de professora numa creche Municipal, agora havia passado para professora numa creche Municipal de minha cidade, professora de primeira a quarta série de uma cidade vizinha e policial Militar do Estado do Rio de Janeiro.

Trabalhei 1 ano e nove meses como professora e saí para ingressar no concurso da polícia militar, pois o salário seria o dobro e o tempo de serviço menor que em dois cargos de professor municipal.

Nesse tempo a saúde de nosso filho estava perfeita, assim como era a de nossa filha. Tudo fluía nos nossos planos e nos de Deus.

Deixei então minha cidade, como tantas outras mães e fomos para longe de casa, na capital, a fim de cursarmos o curso de capacitação da PM, somente retornando para casa aos finais de semana.

Foram dias tristes, espinhosos, longe de casa, mas eu fui, com a única certeza que o mesmo Deus que havia dado saúde ao nosso filho e feito tudo aquilo na minha vida, iria me ajudar e trazer-me de volta para perto de casa. Assim eu fui e, em 11 meses estávamos de volta, trabalhando em minha cidade, mesmo com a descrença de algumas colegas de trabalho, eu dizia que iríamos voltar, e voltamos.

Voltei para casa, agora com um salário capaz de pagar escola particular para nossos filhos e realizar um sonho de cursar uma faculdade de direito.

Fiz parte da primeira turma de policiais femininas do batalhão de nossa área, e sofremos com isso muitos preconceitos, até por parte de familiares. Resolvi enfrentar aquela situação, mas, como sempre dizia, havia ingressado na Polícia para melhorar a vida dos meus filhos, fazer a faculdade de direito e sair para um cargo melhor, fazendo um outro concurso.

Assim, enquanto trabalhava e cuidava de minha casa, iniciei o curso de direito já com meus 29 anos de idade, E para mim foi um sonho! Apaixonei-me pelo curso desde o primeiro dia de aula, e já sentia medo de algo acontecer e impedir que eu o terminasse, não podendo mais pagar por ele, por exemplo.

Em meio aos jovens e adolescentes que passei a conviver, conheci a prova do ENEM e o programa do governo, PROUNI. no qual fui aprovada, garantindo-me uma bolsa de 100% na faculdade, o que me fez respirar aliviada, na esperança de poder concluir o curso e prosseguir sonhando com os cargos que almejava.

Enquanto cursava direito, estudava com afinco para concursos públicos que iam surgindo, e assim pude ver meu nome publicado umas tantas vezes em Diários Oficiais de Estados e até da União, ora fora das vagas, mas algumas vezes dentro das vagas.

E quando ainda cursava a faculdade, na ânsia de já sair do cargo de Policial Militar, passei no concurso para técnico do tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, em 2008. Porém, minha classificação não foi das melhores (24ª na 10ª região), o que tirou-me a esperança de ser convocada, levando-me a continuar estudando para outros concursos. Havia realizado o concurso de investigador da Polícia Civil do Rio de Janeiro (2005), e apesar de ter sido aprovada, o concurso ficou travado na justiça durante longos cinco anos, período em que também prestei o concurso para Inspetora da mesma Polícia Civil, já a nível de terceiro grau, e agente penitenciário Federal (2008).

Fui aprovada neste dois últimos, também dentro do número de vagas. Assumi o cargo de Inspetora da PCERJ, o que me possibilitou ficar mais perto de casa que o de agente penitenciário, e era um cargo bem melhor que o da polícia militar.

Após realizar o curso de formação de Inspetores da PCERJ, na Capital Rio de Janeiro (2009), quando cursava o último período da faculdade, terminei o período daquele tão sonhado curso, colando grau no dia 19 de janeiro de 2010, na cidade de Itaperuna- RJ, quando fui nomeada Inspetora da Polícia Civil e assumi o cargo na 143ª DP (Itaperuna), em 20 de janeiro de 2010. Durante o tempo em que fiquei no cargo de Inspetora, fui convocada para aquele de Investigadora de 2005, e para técnica do Tribunal de Justiça (2008).

Portanto, aquilo que sonhei e planejei, aconteceu exatamente daquela forma: entrei na PMERJ para estudar direito e sair para um cargo melhor. Ao formar na faculdade, já estava concretizando outros dois sonhos, sendo nomeada em outro cargo e saindo da PMERJ.

Ah, com isso meu salário dobrou mais uma vez, e agora, eu que pagava a escola dos meus filhos somente no final do ano letivo, ainda com dificuldade, já vi a situação melhorar um pouco mais, já podia pagar a escola todo mês, certinho, sem tanto aperto.

Certo dia, quando num atendimento a um destinatário do serviço público, na delegacia de Itaperuna, quando aquela pessoa falava de seus anseios por melhorar de vida, relatei-lhe um pouco dessa história, quando ele exclamou: isso tudo em dez anos?!!

E realmente, eu medito nisso desde aquela época, como pode ter acontecido tudo isso, tão perfeito, em tão pouco tempo? Sim, pouco tempo, quando, às vezes, podemos passar uma vida lutando por algo e nada acontecer.

Como disse, eu sou cristã, acredito no Cristo vivo e ressuscitado. Não atribuo a mim a capacidade de sonhar e realizar tão perfeita e cronometradamente tantos sonhos, em tão pouco tempo. Acredito que "Deus é o que opera em nós tanto o querer quanto o realizar." Acredito que viemos a esse mundo para um propósito divino e que há um Deus no céu que vela para que esse propósito seja cumprido.

Acredito que, com isso, já fui exemplo para algumas ou tantas pessoas, o que já me faz mais feliz. E melhor ainda quando usufruo desse espaço para escrever para você que lê neste momento essa experiência, e talvez precise de algo quase impossível. Saiba que, Deus se compraz naquele que se esforça, quando você faz o que você pode fazer, Deus faz aquilo que só Ele pode.

Portanto, seja qual for seu problema, sua necessidade, faça sua parte e

descanse, creia nesse Deus, no Cristo vivo e ressuscitado, que ainda hoje vela por cada ser humano, em qualquer situação.

Obs: Hoje não estou mais no cargo de Inspetora da Polícia Civil nem no de Técnico do Tribunal: sou Analista do mesmo Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro e professora, neste Tribunal, e em cursinho para concursos...

Minha filha, com 22 anos, foma em Direito nesse ano de 2018, meu filho, 19 anos, já passou num concurso da Marinha do Brasil e já ama o que faz...

Conto mais numa próxima oportunidade.

Feliz 2018 e sucesso na sua vida!!

Nerilcinéa Santos
Enviado por Nerilcinéa Santos em 01/01/2018
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