Mundo das solidões

Já era abril, no calendário feitor,

eu pintava em letras de forma

os escuros e as solidões;

nos cenários daquele outono ressecado,

o desenho de uma noite sem vida nenhuma;

um passado feito um espírito,

vagando pelo corredor deserto;

vestes maltrapilhas,

a alma rasgada

por todas essas lembranças

que me vinham, cada vez mais;

os mortos de sempre pela madrugada

e seus rostos tristes,

sentados pela escada;

mil anos depois,

sonhava ali, o mesmo sonho;

andava de preto pelas cidades ,

ninguém, me conhecia mais;

eu era o dono, das minhas solidões;

tinha um mar que batia violento

e levava de mim meu cheiro na maresia;

Eu andava pelo Arpoador,

e pelas madrugadas

vencia minhas marés

e minhas muralhas;

a lua era companheira;

lá fora a alma vagava

pelos corredores batia suas portas;

meu corpo se arrastava pelo vazio, pelas pedras,

por uma dose de um vinho seco

que lhe cortasse o beijo desbotado,

que lha atravessava o coração,

feito um punhal afiado;

eu era dono de todo o luto, e daquele mal,

carregava o peso daquelas solidões pelas cidades;

por ali o mundo das solidões, não tinha forma certa;

nossos rostos tristes, se marcavam pelo tempo;

eramos sós;

o coração despedaçado se banhava

com o sal do mar;

meu olhar vivia

amava sofria,

feito um disfarce, mero algoz,

depois no mundo das solidões, morríamos outra vez,

a meia lua, meio amor, a meia voz.

(Edmilson Emilio Cunha)

Edmilson Cunha
Enviado por Edmilson Cunha em 09/05/2018
Reeditado em 20/07/2018
Código do texto: T6331319
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