Sou DDA e DDAí? 14 - Caixa de lápis de cor

Enquanto fazia meu inventário, espécie de registro honesto da minha história, orientado pelas lições e palestras do grupo de 12 passos.

Fui escrevendo e fazendo uma retrospectiva. Agora com uma lente de DDA/TDAH analisando os fatos vividos, de maneira totalmente diferente. Com outro entendimento e significado. E obviamente estava eu “ritalizado”

Percebi que como DDA/TDAH começou meu desespero de aceitação social enquanto crescia, quando meus amiguinhos já conseguiam decorar as 6 cores da caixinha de lápis de cor. E eu nem tanto. Estava eu lá no “Primário”.

Depois cresci um pouco e na lista de material veio para comprar uma caixa de lápis de cor de “12 cores”. Pensa!

Como DDA/TDAH já foi um tormento gravar o nome dos meus 5 irmãos com o dia e mês de aniversário. Não sei até hoje. Graças aos céus pelo meu tio Facebook, ele lembra para mim o aniversário dos meus 5 irmãos e mais 5 mil amigos.

Como DDA/TDAH era quase um “Apocalipse” eu enumerar os nomes dos meus 14 tios e tias. Enquanto minhas irmãs, com idade menor que eu, enumeraram de frente para trás e de trás para frente. Eu por outro lado, chamar a tia Zilda de tia Írma e tia Írma de tia Zilda, não me deixava mais corado.

Comecei a desconfiar que decorar nomes de jogadores do time de futebol me colocava na categoria de “meninos que torciam para um time”.

Só que eu só conseguia gravar os nomes do goleiro Waldir Peres e dos jogadores de linha: Pedro Rocha, Chicão, e aquele...como é o nome daquele jogador mesmo?...

A regra era clara entre os meninos “se você torce para aquele time, tem que saber a escalação”. Me sentia excluído.

Escrevendo páginas e páginas de recordações, foi bom para lavar a minha alma. Sim agora com uma bússola correta, sabendo que eu desde sempre fui e sou DDA/TDAH.

Por exemplo quando fui colocado para estudar piano. No início enquanto estava na clave de “SOL” as lições estavam indo...consegui tocar até a partitura de “Oh Susana”.

Mas quando chegou as lições na clave de “FÁ”...em que uma mão direita tocava a clave de SOL e a outra a clave de FÁ. Quase coloquei fogo no piano.

Chegava para treinar na sala de piano, sozinho. Um tédio! Que eu nem sabia que era tédio na época. Nem abria as partituras. Abria sim os livros da Enciclopédia Barsa que tinha numa estante e ficava olhando as fotos e desenhos. Lia uma ou duas linhas...e já passava para outras páginas.

Viajei o mundo inteiro naquela Barsa. Minha mãe quando foi ver meus acordes e conversar com a professora particular de piano, chegaram a um veredito.

Eu não me lembro mais da conversa que tiveram comigo, sei que me livrei das aulas de piano.

Mas aprendi que Xadrez é um esporte.

Ricardo Olah
Enviado por Ricardo Olah em 28/06/2018
Reeditado em 04/07/2018
Código do texto: T6376417
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