Leopoldino da Rocha Soares (1869-1934)

O major Leopoldino da Rocha Soares nasceu na Fazenda "Piranhas" em 08 de dezembro de 1869, dia de Nossa Senhora da Conceição. Foi batizado no dia 23 de dezembro de 1869 no lugarejo onde nasceu pelo Vigário Claro Mendes de Carvalho, da freguesia de Jaicós (PI) e teve como padrinhos os avós maternos Francisco de Brito Nogueira e Marcelina Maria da Conceição.

Leopoldino da Rocha Soares casou com a sua prima Maria Francelina da Rocha (1863-1948), filha de João Pedro de Sousa Brito e Maria Joaquina São José. A mãe de Maria Francelina era irmã do pai de Leopoldino da Rocha Soares.

Capitalista, Leopoldino foi um dos homens mais ricos e respeitados da região e durante sua vida ocupou cargos na organização administrativa do município de Patrocínio, hoje Pio IX (PI). O Major era proprietário de uma grande área de terra que hoje corresponde a cinco municípios da região do Vale do Guaribas. Tinha um grande rebanho de gado e amansava cerca de 200 bezerros por ano para servirem como força motora nos engenhos de cana-de-açúcar, aviamentos e no preparo da terra para o plantio.

A frente do seu tempo, Leopoldino da Rocha Soares foi um dos primeiros, naquela região isolada, a se preocupar com Educação. Em 1909, com o apoio do Padre Marcos Francisco de Carvalho, sobrinho de sua esposa, colocou dois filhos para estudar em São Raimundo Nonato, sul do Estado do Piauí. A viagem de sacrifício, feita em lombo de cavalo, durava vários dias. Os filhos estudiosos do Major foram Jaime Leopoldino Rocha e João Leopoldino da Rocha Beleza, este último, de São Raimundo Nonato se transferiu para Fortaleza (CE) para aprofundar os estudos onde casou com Maria Primar da Rocha Beleza.

Leopoldino e Francelina tiveram 12 filhos: Joaquim Leopoldino da Rocha, Jaime Leopoldino da Rocha, Rosa Francelina da Rocha, Anísio Leopoldino da Rocha, Abel Leopoldino da Rocha, Licínio Leopoldino da Rocha, Maria da Rocha Filha, Isaura Francelina da Rocha, Arlindo Leopoldino da Rocha, Enéas Leopoldino da Rocha, Cláudia Francelina da Rocha e João Leopoldino da Rocha Beleza.

Contam os mais velhos, que por volta da década de 1930, o Major Leopoldino, após uma viagem enfadonha entre Piranhas e a Fazenda Rodeador, atualmente município de Santo Antônio de Lisboa (PI), descansava deitado em uma rede na residência do casal Inocêncio José da Silva e Maria Madalena de Souza, esta última irmã de sua esposa Francelina, quando Madalena teria o indagado se era verdade que Isaura iria se casar com tal de “Chidó”. O Major teria dado uma longa gargalhada e em seguida teria respondido: “Não é ‘Chidó’, é ‘Chodó’... Madalena”, se referindo ao apelido de Francisco Rodrigues de Sales (1905-1998), que viria a ser o segundo esposo de Isaura Francelina da Rocha (1904-2002).

Em 26 de julho de 1930, após ficar viúva do professor Cícero Clímaco da Silva, Isaura Francelina da Rocha, filha de Leopoldino e Francelina contraiu segundas núpcias com Francisco Rodrigues de Sales (Chodó), passando a assinar Isaura da Rocha Sales.

O Major Leopoldino era devoto de Nossa Senhora da Conceição. Costumeiramente na semana que antecedia o dia 08 de dezembro, ele e sua família se dirigiam a fazenda do sogro João Pedro de Souza Brito, na comunidade “Cangalhas”, que atualmente faz parte do município de Santo Antônio de Lisboa (PI) onde se hospedavam. No dia da festa em homenagem à santa todos participavam da missa na Igreja [construída em 1742] dedicada a Nossa Senhora da Conceição localizada na Fazenda “Boqueirão”, hoje cidade de Bocaina (PI).

Uma prova da religiosidade de Leopoldino foi à doação feita por ele de uma coroa de ouro para Nossa Senhora da Conceição, Padroeira do município de São Julião (PI). A joia permaneceu por anos adornando a imagem no templo católico, construído em 1873, até ser furtada misteriosamente. Muitas especulações surgiram em torno do crime que nunca foi elucidado pela Polícia.

Leopoldino da Rocha Soares faleceu de problemas cardíacos aos 64 anos de idade, no dia 10 de abril de 1934, na residência da amante, no local onde atualmente está localizada a Rua Trinta e Um de dezembro, Bairro Centro, em Alagoinha do Piauí (PI).

Em 08 de agosto de 1923, o Major Leopoldino passou mal após se informado da morte prematura do filho Abel que faleceu aos 27 anos durante uma pega de boi bravo. O cavalo de Abel caiu morrendo e matando o dono. O jovem casado foi encontrado sem vida pelos irmãos que participavam da tarefa. O boi foi encontrado e morto com 27 facadas e sua carne jogada aos urubus.

Desde a tragédia que vitimou o filho querido, Leopoldino não se recuperou da saúde. No dia de sua morte, o Major foi em suas vazantes vistoriar um serviço que estava sendo executado pelos trabalhadores, mas Leopoldino não gostou do trabalho e ficou intensamente aborrecido, chegando a discutir com os funcionários.

Exaltado, o Major passou mal e a cavalo se dirigiu ao povoamento de Alagoinha em busca de medicamento onde faleceu.