Cão chupando manga!

Cão chupando manga!

A empresa de serviços temporários Partime me proporcionou trabalhar em várias empresas conhecendo inúmeras pessoas inclusive meu 2º pai:

Doutor Paschoal Granato!

Mas esse que vou relatar me é de péssima lembrança! Era uma loja de fabricação e venda de jóias em Copacabana (Rio de Janeiro) e cujo fundo era na rua da Feira Livre. Entrei lá com um pé atrás porque sabia que o dono sabia aonde eu morava:

Morro dos Cabritos!

Ou seja:

Era reconhecidamente pobre trabalhando entre quilos e quilos de jóias caras e pedras brutas, principalmente esmeraldas! Estava limpando a sala do dono que aparentava ser alemão, austríaco ou similar, quando entrou na sala um funcionário lapidador.

Viera pedir um vale pois a filhinha estava muito doente.

O "alemão" negou com excessiva rispidez em se tratando de uma pessoa que lhe trazia lucro. Em cima da mesa uns 3 quilos de esmeraldas recém negociadas. Desespero total no funcionário que repetiu o pedido chorando copiosamente. Eu sabia do que ele estava falando, sem dinheiro para taxi ou ônibus para levar o filho doente no hospital!

O freezer ambulante dispensou-o sem um respingo de piedade!

Era o Cão chupando manga!

Fiquei arrasado e decidi que deveria denunciá-lo ao Simon Wisenthal, o caçador de Nazistas. Odiava ter que trabalhar para esse Cão Raivoso mas na verdade meu trabalho consistia na limpeza diária que durava de 2 a 3 horas e possíveis entregas, umas 3 nos 3 meses que lá estive.

Aí ele inventou que eu tinha que limpar o apartamento do irmão dele. Já fui vítima do amor a 1ª vista, mas neste caso foi aversão a 1ª vista. O irmão tinha uma cara de tarado/depravado que dava arrepios. Fui para o seu apartamento rezando! Ficava ao lado dos "inferNinhos" do Lido e são vários os casos de pessoas que ao ouvirem:

Ou dá ou desce!

Resolveram pular ou foram jogadas lá de cima. Girei a chave lentamente evitando fazer barulho e entrei. Dei azar, era meu dia de "entrar na banana", pois ouvi um barulho. Arrolhei meu rabo mentalmente e entrei determinado, pois se fosse preciso viraria super homem e voava lá de cima, afinal quem gosta de banana assim é macaco!

Dei de cara com uma mulher nua sentada numa cadeira. Era de plástico (horrorosa) de 1,60 por aí e só tinha um buraco pouco abaixo do umbigo! No ambiente só havia uma cama de casal e uma mesa com cadeiras. O barulho vinha de dentro de um gigantesco armário e com os batimentos a 120 abri umas das portas. Ela dava para outra porta que aberta revelou a origem do barulho.

Era uma cozinheira lavando louças! Ela então abriu uma outra porta do armário que dava para o banheiro e me indicou o serviço:

Lavar a banheira daquele porco chauvinista!

Comecei o meu e ela terminou o dela e se mandou. Segurei na mão de Deus e me propus a não abrir a porta para ninguém, nem para o dono. Sorte que ele não apareceu e também nunca mais me pedi para voltar lá. Diariamente eu gastava 2 a 3 horas na limpeza (possa garantir que é dureza para uma pessoa inteligente) e depois me pendurava na janela da sala de lapidação e via o dia passar!

Melhorava na quinta feira pois era dia de Feira Livre. Umas das barracas de bananas ficava embaixo de minha janela. O dono contratou um ajudante que chegava depois das 8:00 para ajuda-lo na hora do rush. De repente algo me chamou atenção:

Ele atendia a freguesa, recebia o dinheiro e se o dono da barraca não estivesse olhando, enrolava uma nota de 5,00 ou 10,00 nos jornais velhos que vinham nos caixotes de bananas fazendo uma pequena bola e jogava embaixo da barraca!

É regra entre os feirantes jogar frutas e verduras amassadas ou estragadas embaixo da barraca aonde ninguém passa, portanto não pisa! Aí 2 garotos de 6/7 anos mergulharam embaixo da barraca adubada para pegar as frutas aproveitáveis. O experto vendedor temendo que eles revelassem seu "segredo" expulsou as crianças, me deixando revoltado, ja que elas me relembraram meu passado.

Aquele filho duma fruta ganhava mais do que o patrão:

Ganhava a diária, oque roubava e 20 a 30 lotes de bananas que o patrão deixava para ele depois que ia embora la pelas 13:00! Na outra quinta feira amanheci com o dedo mais duro que o coração do meu patrão e dei uma de Salomé:

Entreguei de bandeja o patife!

Depois desse dia ele não trabalhou mais e eu trabalhei preocupado, afinal ele via que eu via toda a patifaria!

Sigam-me os bons!