1066-GRANDES MUDANÇAS

Elvira Colombarolli – Biografia – Cap. 6

Não era brincadeira trabalhar para o sustento de tão numerosa família. Secondo se desdobrava, mourejava na enxada, no enxadão, sem esmorecer. Rosa, a quem o marido tratava de Rosina, também não tinha folga. Era cozinhar, lavar roupa, costurar (ela mesma fazia as roupas para todos), cuidar das crianças, o tempo todo dedicado à família e aos cuidados da casa. E aos domingos, lá iam ela e o marido, e a arraia miúda, à missa do povoado de Guardinha. O dia santo era guardado com reverência e era o único dia em que as lides diárias eram colocadas de lado.•.

A vontade de vencer na vida, de ter um pedaço de terra só seu e criar a família era o desejo, a meta, o objetivo de vida do casal. Como, aliás, também era de todos os imigrantes italianos. O hábito de economizar estava no sangue deles, e por isso, com pequenas exceções, todos os imigrantes deixaram de ser empregados e realizaram seus sonhos.

Com Secondo e Rosina não foi diferente. Ele era um colono trabalhador como ninguém. Por isso, nos treze anos de trabalho na fazenda Monte Alto, amealhou recursos para pensar em deixar a fazenda e mudar-se para a cidade.

Decidiu-se por morar em São Sebastião do Paraíso. A cidade estava em desenvolvimento e apresentava oportunidades para quem fosse decidido e trabalhador. Alugou uma casa na Rua Pimenta de Pádua, no bairro do Brás, próximo à estação da Estrada de Ferro Mogiana. Era o lugar mais baixo do bairro e no fundo da casa passava um córrego de águas límpidas, que Rosinha usava com prazer para lavar roupa.

Por ocasião desta mudança a família já era de seis pessoas: Secondo, Rosinha, os filhos Vitório, João, Pedro, Domingos e Elvira. Vitório era um rapaz alto, magro, o rosto comprido, e de comportamento independente. Logo arrumou serviço na oficina de móveis dos irmãos Mecchi.

Permaneceram pouco tempo morando na Rua Pimenta. Com suas economias comprou um lote grande, situado onde atualmente é a Rua Carlos Bérgamo, 507, fazendo esquina com a Rua Custódio do Nascimento, 119.

Vitório tornou-se noivo de Helena Danuzzi. Em acordo com o pai, construiu a primeira casa neste terreno, pretendia casar-se assim que a casa estivesse pronta, o que realmente veio a acontecer.

Secondo e Rosinha viam assim realizado seu sonho do casamento do primeiro filho. Sucedeu-se então que Vitório, já bem situado na vida, ajudou o pai na construção de outra casa, esta para a família, que prometia crescer sempre.

A família foi aumentando. Os rapazes mais velhos Pedro e João ajudavam o pai nos serviços da pedreira. Elvira, garota de oito anos, ajudava a mãe cuidando dos irmãos menores Marcilio, José, Yolanda e Antonio.

A estabilidade estava conquistada: trabalho para os homens, os cuidados da casa para a mãe e Elvira, as crianças menores crescendo com saúde.

Mas Secondo não sossegava. E outra mudança estaria para acontecer.

ANTONIO ROQUE GOBBO e DARCY MOSCHIONI

Belo Horizonte, 1º. De Maio de 2018

Conto # 1066 da Série INFINITAS HISTÓRIAS

Antonio Roque Gobbo
Enviado por Antonio Roque Gobbo em 19/10/2018
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