Aos meus quase 30 anos

É estranho. Contabilizar o tempo em mim e não conseguir me identificar com a quantidade de anos que a vida já passou.

A gente pensa que não fez nem metade daquilo que planejava e fica o questionamento se ainda esses planos vão acontecer. Nossas crenças e perspectivas mudam, mas lá dentro ainda tem uma listinha com planos não riscados para se fazer "antes do 30".

Eu entendo que a vida foi maravilhosa, porque mesmo não tendo saído do jeito como conversávamos até tarde na calçada, muita coisa bacana aconteceu.

Mas mesmo assim é estranho.

É louco se achar imatura com tantas responsabilidades nas costas. É louco achar que não estou preparada para a vida, sendo que estou aqui construindo-a.

Não tá saindo como planejado, mas tá acontecendo tanta coisa loucamente grandiosa.

Eu sei que a experiência é válida, mas às vezes fica a sensação que deixei tantos pedaços de mim, que não sei o que estou fazendo, que não sei o que quero fazer. Ao mesmo tempo sei que se não tivesse deixado esses mesmos pedaços para viver o que vivo, seria frustrada comigo, ao mesmo tempo sei o que quero e sei que o meu tempo foi investido e não perdido.

Tantas responsabilidades de se cuidar sozinha em um lugar que não se tem nenhuma raiz. Tanto pensamento passeando na cabeça, tanto coração apertadinho. Mas a gente sabe que Ta tudo bem. Que a vida é isso. Que cada um é cada um. E que de um jeito ou de outro tudo se concretizará, eu só tenho que entender que existem tantos caminhos e outros tempos fora do meu. E que nunca, nunca devo deixar de apreciar a paisagem enquanto caminho até lá.

AP em Páginas de um livro
Enviado por AP em Páginas de um livro em 25/02/2019
Reeditado em 25/02/2019
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