BIOGRAFIA MANOEL RODRIGUES FERREIRA - MEU PAI

BIOGRAFIA

Manoel Rodrigues Ferreira nasceu na Fazenda São Francisco, na comunidade de Várzea Cercada, cidade de Macau, Rio Grande do Norte, aos 21 de março de 1921. Quinto filho de uma família de onze irmãos formada pela dona de casa Francisca Rodrigues de Melo e pelo fazendeiro Samuel Rodrigues de Ferreira. Desde cedo, trabalhou da agropecuária familiar produzindo e criando bovinos e caprinos.

A partir da adolescência, o jovem Manoel Rodrigues Ferreira – Neco, para os irmãos e amigos de infância – começou a trabalhar nas salinas de Macau, onde laborou por 19 anos, até 1954, quando, a convite do senhor João Alves, desembarcou em Canguaretama, também no Rio Grande do Norte, onde pretendia trabalhar.

Seu primeiro emprego em Canguaretama foi de guarda noturno das ruas do centro dessa da cidade, junto ao colega Chico Soldado, e morou inicialmente na Rua do Quadro. Ainda nessa época, começou a transportar peixe a pé da praia de Baia Formosa à Canguaretama, via Barra de Cunhaú, para vender porta a porta.

Um certo dia, na praça Augusto Severo, ouviu um chamado público que convidava trabalhadores para ingressarem na campanha federal de erradicação da esquistossomose, pelo Departamento Nacional de Endemias Rurais (DENERU), que se chamou posteriormente de SUCAM, ao qual aceitou. Sendo ainda solteiro, transferiu moradia para o alojamento dos agentes localizados no sobrado onde nos dias atuais funciona o Palácio Otávio Lima, Prefeitura Municipal. A partir daí, seguiu a carreira de combate às endemias esquistossomose, malária e bócio endémico. Neste último, fazia o controle da adição de iodo no sal produzido nas extintas salinas de Canguaretama. Exerceu esta atividade, que lhe rendeu a alcunha de “Manoel da Malária”, até a aposentadoria.

Em 06 de setembro de 1956, casou-se com a jovem Joselita Rodrigues Ferreira, indo morar no Bairro da Estação. Com sua esposa e companheira por 50 anos, Manoel Rodrigues teve 11 filhos: Nilza (1957); Carlos Luiz (1958); Nilma (1959); Neide (1965); Luis Carlos (1966); Nilde (1967); Neilza (1968); Neilde (1972); Manoel (1974); Nivanea (1981); e Nivanize (1982).

A dedicação e o desempenho da carreira de agente de endemias tornaram o Manoel da Malária popularizado por toda a cidade de Canguaretama. O primeiro posto de saúde da SUCAM na cidade foi instalado em sua residência, onde Manoel e Joselita Rodrigues realizavam aplicações de injeções de vitaminas e distribuição de diversos medicamentos enviados pelo Governo Federal.

A notoriedade dessa popularidade gerou convites ao Manoel Rodrigues, por parte dos políticos locais, para candidatura ao cargo de vereador, o que era na época uma atividade voluntária, ou seja, não remunerada. Deu-se, pelo aceite, a primeira concorrência ao pleito edílico pelo agente, em 07 de outubro de 1962. Nessa disputa, dos 1.009 votos válidos apurados, obteve 116, pelo Partido Democrático- PSD, mesmo partido do prefeito eleito, Geraldo de Carvalho Vilarim.

Durante o seu mandato primeiro como vereador, entre 1963 e 1967, no local onde funcionara o campo de pouso de aviação no período da Segunda Guerra Mundial e em uma propriedade privada limítrofe, que estavam há anos abandonadas, no Jiqui, alguns agricultores passaram a habitar e cultivar seus roçados. Devido as confusões entre os posseiros pelas divisões das terras entre si, um grupo formado por Francisco Vital e o vereador Manoel Rodrigues, entre outros, tomou a iniciativa de demarcar as terras. Posteriormente, o vereador tratou junto ao prefeito Geraldo Vilarim de uma indenização à senhora proprietária da terra privada, quando a mesma veio do Rio de Janeiro tentar reaver a posse dessa propriedade, trato realizado em acordo. Até os dias de hoje, essa comunidade é chamada de Campo.

O fato de Manoel Rodrigues se envolver no episódio de surgimento do Campo, junto ao conhecido comunista Francisco Vital, fundamentou a denúncia que o levou ao quartel militar da capital para prestar esclarecimentos, durante o golpe militar de 1964. Enquanto era levado por alguns militares, outros revistavam sua casa à procura de indícios que comprovassem a acusação. Ele foi liberado após três dias, pela negativa dos companheiros de sua participação e pela falta de provas.

No intuito de escapar das investigações militares quanto ao seu posicionamento político, temendo pelo bem estar de seus cinco filhos, na época, o vereador se alista ao partido da Aliança Renovadora ARENA pelo qual assume o seu segundo mandato, de 1967 a 1973. Nesse sufrágio, em 15 de novembro de 1966, dos 2.169 votos válidos obteve 240, sendo o vereador com maior número de votos.

Em 1972, a família Rodrigues realiza um sonho antigo: morar no Bairro de Areia Branca. O senhor Manoel compra um sítio nessa localidade, onde fixa residência por aproximadamente 10 anos. Ainda nesse ano, o tenente José Hora Reis, candidato a prefeito, convida Manoel Rodrigues para participar de sua chapa como vice. Porém, não obtiveram êxito. Neste mesmo pleito, sua esposa Joselita Rodrigues deixou de ser eleita vereadora por apenas um voto.

O partido do Movimento Democrático Brasileiro – MDB, partido no qual se filia Manoel Rodrigues para o pleito de 1976, convida para ingressar na política canguaretamense o senhor João Wilson de Andrade Ribeiro, como candidato a prefeito da legenda, o qual foi eleito. Manoel Rodrigues, por sua vez, foi eleito vereador para o terceiro mandato que durou de 1977 a 1983. Pleito realizado em 15 de novembro de 1976, no qual, dos 3.883 votos válidos, o vereador obteve 233, sendo o segundo mais bem votado.

No último mandato, o fato mais marcante, lembrado até os dias atuais, trata-se da conquista do projeto que criou a comunidade do Bonsucesso. O vereador conseguiu a aquisição da propriedade pela prefeitura para lotear e doar aos cidadãos da Areia Branca que não tinham casa própria. Participou ativamente de todo processo de criação da comunidade, desde o projeto, até a derrubada das árvores, divisão dos lotes, seleção dos contemplados e escolha da nomenclatura para a escola da comunidade “João Gomes de Torres” e a da própria comunidade “Bonsucesso”. O envolvimento com essa comunidade foi tamanho que, poucos anos depois de sua fundação em 1983, o vereador vendeu o seu sitio e mudou se para lá com a família. Continuando as lutas para trazer melhorias estruturais para o aglomerado

No pleito eleitoral de 1982, o vereador Manoel Rodrigues foi um dos 3 candidatos a prefeito pela legenda PMDB que acabaram sendo derrotados nas urnas pelo candidato Juarez Francisco Rabelo. A partir desse período, quando o cargo de vereador passou a ter remuneração, Manoel Rodrigues não conseguiu mais chegar a um mandato devido à maior concorrência e a Prática de ilegalidade de compras de votos. Perdeu, embora por pouco número de votos, os pleitos seguintes como candidato a vereador, nos anos de 1988, 1992 e 1996.

Todavia, Manoel Rodrigues não perdeu o seu posicionamento como líder da comunidade da Areia Branca, onde era muito amado. Vivia a fazer caminhadas para perceber as necessidades do povo. Uma delas, a qual se dedicou a saciar, foi a construção de uma escola no Campo, a qual, em reconhecimento aos seus esforços, apesar de sua relutância em contrário, ganhou o seu nome por patrono: Escola Municipal Manoel Rodrigues. Muito já se havia cogitado a possibilidade de nomear ruas e prédios públicos com o nome do vereador ainda em vida, mas ele nunca havia aceitado.

A “mão” de Manoel Rodrigues sobreveio nas fundações da maioria dos aglomerados de Areia Branca, Campo, Bonsucesso, Vale do Amanhecer e Meira Lima, por exemplo. Suas lutas, como guerreiro social que era, concedeu-lhe a Condecoração da Ordem Máxima do Município de Canguaretama, como homenagem da Câmara Municipal pelo reconhecimento dos serviços prestados ao município.

Era um apaixonado por esportes, futebol em especial, participou da fundação dos principais times de futebol da Areia Branca, como Bonsucesso e Vitória, e ajudava a tantos outros em suas atividades. É forte a lembrança que muitos possuímos de Manoel Rodrigues à beira do campo de futebol vendo os times da Areia Branca jogarem enquanto ouvia o América/RN em seu rádio a pilhas.

O cidadão Manoel Rodrigues Ferreira tinha uma única ambição na vida: causar o bem-estar social. Não fez dinheiro na política, pois não tinha essa intenção, queria fazer amigos, cumprir o seu dever ético/social, ter filhos de coração. Todo o resto lhe veio como consequência. Os seus maiores legados para seus descendentes são a dignidade, o respeito e o amor. Motivo de orgulho e exemplo para os corações que o amam. Partiu para os braços do pai, em 14 de agosto de 2006, deixando em todos, além da saudade, a carência que jaz nos corações do Bairro de Areia Branca pela falta de seu líder.

Neide Maria Rodrigues Poetisa Potiguar

Nivânea Maria Rodrigues

NeideRodriguesPoetisaPotiguar e Nivânea Maria Rodrigues
Enviado por NeideRodriguesPoetisaPotiguar em 19/08/2020
Reeditado em 03/09/2020
Código do texto: T7040525
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