Parnasiano de alma (resumo autobiográfico)

Nasci no ano 1969. Segundo filho varão de três nascidos vivos, n'aquelas terras ardías entre o Soures e o Junco (Sátiro Dias), em dias hostis de tempos idos no meio do agreste baiano.

N'aquele ano passado, 1966, Manoel Messias não vingou, logo que ali chegando abriu os olhos comovidos e chorou, à plenos pulmões um choro deveras sentido, e como que predestinado se encantou, abriu suas asas de anjo e voou. Abdicando do seu lugar n'aquele universo árido e sofrido, do posto de filho mais velho de (Gessi), a flor mais cândida e bela d'aquele oásis perdido, e de (Maia), o príncipe da plebe sertaneja, homem rude, amansador de burro bravo, à época na região afamado, vulgo José Batista, que, aos meus três anos de nascido completados, pôs o pé na estrada pra tentar a vida de artista na capital e por lá ficou. Jaz encantado, todavia jamais esquecido, Deus também o levou...

"Sou filho da Serra Grande,

descida do lajeado,

De onde sem compaixão,

pela rama fui arrancado,

Do solo do meu sertão,

da vida que eu tinha herdado,

Lá ficou minha raiz,

as lembranças do passado,

O meu sonho de criança,

meu rico rincão sagrado,

Hoje recordo com emoção,

a minha infância perdida,

Saudades do que não houve,

retalhos da minha vida."

Em 1974, fui levado para São Paulo, e entre as muitas idas e vindas, fui crescendo entre as gentes, praças, prédios e avenidas. Muito mais do que por aqui, por lá fui me criando, a Paulicéia me adotou, e eu me adaptando. Junto com o meu tom de voz, o meu sotaque foi mudando. Por lá eu fui alfabetizado, estudando e trabalhando, hora perdendo, hora ganhando, conheci o amor e o pecado, pedi perdão e comunguei, fiz amigos, me apaixonei e me tornei pai de três filhos... Brincando de médico e louco, de tudo nessa vida fiz um pouco, fui de flanelinha à manobrista... Ainda na pista praqui e pracolá, lá se foram 46 anos... Nos últimos tempos, não resistente ao apelo das minhas raízes, encontro-me voltado às minhas origens... Sem nenhum projeto definido, atualmente tenho me ocupado em viver o máximo permitido. Resido em um pedaço de paraíso no litoral norte baiano... Ultimamente sem nenhuma pretensão tenho escrevido também, rimando insights, divagações e coisas que me vem... Talvez quem sabe assim um dia, amanhã mais tarde, atendendo aos meus próprios anseios, eu venha a escrever num ensaio, um compilado desses meus devaneios.

Edvan Souza
Enviado por Edvan Souza em 15/10/2020
Reeditado em 24/10/2020
Código do texto: T7088216
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