Prévia do livro: Um dia de cada vez memórias de uma família (Coreia de Sydenham, a grande inimiga de minha infância)

Coreia de Sydenham, a grande inimiga de minha infância

Os adictos não diferem uns dos outros. O diferente é que, aos quatro anos, sofri uma complicação reumática. Essa doença ocorre principalmente entre a população mais jovem, sendo pouco comum entre adultos, diferentemente do que a população imagina.

Segundo o médico Teotônio, a Coreia de Sydenham consiste em movimentos involuntários breves, espasmódicos, que lembram aquelas pessoas que fazem parte da “Black music”, que dançam com movimentos estranhos, que começam com uma parte do corpo e passam para a outra de um modo brusco, inesperado e, muitas vezes, de forma contínua. É uma complicação de uma infecção por uma bactéria específica, o estreptococo. Acontece geralmente em crianças que tiveram um quadro de amigdalite (dor de garganta, febre, infecções adversas). Lembro-me de dormir com os meus pais. Ao amanhecer, acordei e, ainda na cama, começaram a surgir uns movimentos involuntários na minha cabeça. Eu mexia de um lado para o outro, parecendo haver algo invisível mexendo com a minha cabeça sem a própria vontade. Minha mãe pediu que parasse com aqueles movimentos estranhos, porém não consegui. Aí então comecei a perceber haver algo de errado comigo. Ela me levantou, e comecei a andar de forma estranha. Após analisar minha situação, minha mãe fez perguntas, às quais respondi de forma enrolada, querendo expressar tudo que eu sentia. Desesperada, ela saiu correndo para se informar com um médico especialista e saber qual hospital procurar. Minha avó disse: “Percebo que você, minha filha, é teimosa. Já lhe disse há alguns dias que o Fábio não está bem de saúde. Ele está muito pálido. Chame o Lázaro e levem o menino ao médico”. Atendendo os conselhos de vovó, meus pais me levaram ao médico. Lá chegando, só havia uma pessoa na frente. Essa paciente logo foi atendida. Entramos no consultório, e de imediato o médico identificou meu problema. Ele explicou: “Por sorte de vocês, eu também tive essa doença, por isso tratarei do Fábio com prazer. Ele ficará bem”.

Ficamos todos felizes.

O médico disse que, por garantia, faria um encaminhamento de exames de sangue para ter certeza. Inicialmente, me deixaria em um quarto de observação e me medicaria. Brincando, disse que me daria uma bola para eu brincar, após o tratamento. Com essa brincadeira, eu me senti mais protegido e confiante.

Só tenho que agradecer a meus familiares e ao Dr. Teotônio, por não terem desistido de mim.

Fui mantido em observação por três dias. Quando recebi alta, o médico receitou-me penicilina Benzatina, a cada vinte e um dias. Usei penicilina durante dez anos e parei de tomá-la por conta própria. Deveria tomá-la por mais quatro anos, mas a dor era imensa.

O médico pediu que eu a tomasse até os 18 anos. Ele afirmou que, assim que eu parasse de usar essa penicilina, em caso de inflamação na garganta ou nos dentes, enfim, qualquer categoria de inflamação, eu deveria retomar o uso desse medicamento. Segui a prescrição médica, e valeu a pena. Todo ano, faço exame de sangue.

No início do tratamento, o médico solicitou a meus pais que eu comprasse os remédios em Lagoa Formosa, lugar mais próximo onde encontraríamos o medicamento. Mesmo com essa dificuldade de encontrar o remédio, meus pais nunca desistiram nem perderam a esperança da cura. Vívian e eu íamos com eles para comprar o medicamento. Íamos à beira da lagoa da cidade vizinha e brincávamos de pegar peixes. Do alto do barranco, minha mãe avistava o fundo do quintal onde ela morava e as árvores de eucalipto que meu avô plantou. Veio aquela vontade de chorar, pois, fazia um ano da morte de meu avô. Deixando de lado a tristeza pela morte, nós nos distraímos muito no passeio. O que me deixava mais sensível com a doença era a dor terrível e latejante que eu sentia nos membros. Para amenizar essa dor, eu entrelaçava a perna com os braços.

O martírio de ter que tomar injeções me provocava pesadelos. Eu me escondia debaixo do sofá e da cama, brigava com os farmacêuticos, até quatro homens se juntavam para ajudar meu pai. Por fim, ao ver que não havia mais jeito, tornei-me amigo de um farmacêutico chamado Ciro. Isso foi ótimo para mim, pois aprendi que, mudando aquela velha maneira de pensar, seria muito melhor para mim, pois aguentar várias agulhadas de penicilina, por vários anos, é tortura para uma criança. Usamos várias estratégias para suportar as dores das agulhadas; uma delas foi deitar-me e fechar os olhos, no colo do pai; a outra era colocar xilocaína com Benzetacil.

À medida que fui crescendo, descobri haver contraído o DDA (Distúrbio de Déficit de Atenção). A desatenção manifestou-se no início do período escolar. Esse problema também é prejudicial nos lados social e emocional.

Ainda na infância, eu tinha uma característica de não prestar muita atenção a detalhes significativos, cometendo vários erros por falta de concentração, alguns atos parecidos com má-educação ou preguiça, falta de cuidado nos trabalhos escolares, enfim com as tarefas cotidianas. Muitas vezes, fui confuso e desatento. Se um colega mexesse na carteira, minha atenção era desperta, a ponto de me deixar inquieto, desviando-a para o mundo da lua. Com isso, a professora Virgília ia à loucura, pois ela era formada apenas em Magistério e encontrava dificuldade para lidar com crianças portadoras de DDA. Ela os punia, colocando-as de castigo e as levava para a diretoria, ameaçando-me de expulsão. Era ríspida e dizia que meu lugar era na APAE.

Para os especialistas, tratava-se de solução indevida. O correto seriam aulas dinâmicas e a participação dos pais, através de diálogos.

Com a repetição de fatos ou acontecimentos, eu me encontrava com dificuldade para manter a atenção em trabalhos ou atividades de jogos e brincadeiras, não conseguindo persistir nas mesmas tarefas até o término delas.

Todos esses comportamentos e características, inclusive a dislexia, contribuíram para minha reprovação, por duas vezes, na primeira série primária.

Com muito esforço, consegui aprovação para a segunda série, na Escola Estadual Santa Terezinha.

Foi mais um trauma ver os colegas passando de ano escolar, e eu ficando para trás. Como dói saber que o sistema educacional é falho e falido e que, no Brasil, alguns professores não trabalham por amor.

Tirando proveito dos fatos ocorridos, hoje em dia tenho uma visão bem ampla da educação brasileira. Apesar de tudo que aconteceu, percebo que os fatos da vida não foram 100% ruins, pois adquiri o prazer de ler livros e pesquisar tudo aquilo que os professores tiveram dificuldade de me ensinar.

Com tantos anseios de aprender a ler e dificuldade com as críticas, consegui realizar o objetivo de uma boa leitura, adquirindo esse hábito. Logo após, veio a curiosidade de pesquisar para compreender melhor o mundo. Percebi o tamanho de minha perseverança. Passei por cima de muitas coisas, no sistema educacional, que me prejudicaram a formação e o aprendizado.

Naquele tempo, no início da década de 90, em Patos de Minas não havia Conselho Tutelar, e os professores não tinham o apoio de psicólogos que minimizassem as inquietações das crianças com necessidade.

Isso fazia os professores entrarem em um estado de estresse, perdendo a paciência com os alunos. Lembro-me de uma professora que, do nada, começou a beliscar os meus braços, causando-me vários hematomas.

Como de costume, ao final da aula, meu pai ou minha mãe me esperava no portão da escola até que batesse o sinal. Num dia em que foi a vez de meu pai, eu não consegui segurar as emoções e contei-lhe da libertinagem da mencionada professora. Sem saber o que fazer ou falar, depois de alguns minutos pensando, ele tomou a iniciativa de ir à sala de aula conversar com a professora Carmen. Lá chegando, ela nem sabia onde colocar a cara e, muito menos, explicar o que aconteceu para aparecerem aqueles roxos em meus braços. Meu pai perdeu a serenidade e disse que, se ela repetisse aquelas atitudes, ele chamaria a polícia.

Esse fato aconteceu novamente, e perdi totalmente o prazer de estar em uma sala de aula. Fiquei desestimulado, a ponto de querer abandonar a escola de todo jeito. Felizmente, meus pais não me deixaram parar de estudar, graças a Deus.

Para aprender o conteúdo das disciplinas básicas, após ter enfrentado vários problemas com professores, não foi fácil me ressocializar com os trabalhadores da Educação.

Com o passar do tempo, fui aprendendo que o intuito de frequentar a escola não era só decorar ou aprender matérias básicas do ensino, como também me relacionar com as pessoas e saber controlar as emoções para me encaixar bem na vida social. Isso não foi fácil. Não digo que tive o total controle das emoções e impulsos. Eternamente, tenho de me policiar e lidar com essas características.

Pelos altos e baixos nas escolas em que estudei, em alguns momentos eu sentia uma pressão grande de alguns professores, causando-me baixa estima, falta de altruísmo e compaixão. Eu só me revoltava com o sistema educacional e brotava em mim o medo de não ser reconhecido ou aceito no meio social. Quando isso acontecia, eu era tomado por depressão, um vazio muito grande para uma criança em formação, cuja sobrevivência a todos esses lamentáveis conflitos foram uma permissão de Deus.

Depois de todas essas experiências que passei, comecei a observar a prática dos antigos professores em relação à forma e ao jeito de eles trabalharem e atuarem conosco. Deixo claro que são alguns, não todos.

De acordo com minha visão, alguns professores nunca poderiam lecionar nem ser ajudantes de pedagogos gabaritados. A professora que mais me prejudicou foi Virgília. Lembro-me de que minha mãe fez amizade com ela. Ela convidou minha mãe a ajudar na festa. Devido à solicitação da professora, minha mãe assou uma bandeja de bolo mesclado de farinha com chocolate e confeitado de coco ralado, no dia da confraternização.

Tudo ocorreu bem na festa. Uma semana depois, seria a reunião dos pais, ocasião em que pais ficam sabendo do comportamento dos filhos. Quando chegou a vez de minha mãe, a professora Virgília surpreendeu meus pais. Olhou-nos, de forma irônica, e disse à minha mãe que ela poderia colocar seu filho na APAE, pois ele era burro e doido; não sabia ler, andava na sala o tempo todo, não parava de olhar para os lados, conversava muito e tinha uma inquietação incomodante. Ela acrescentou que não sabia o que fazer com esse menino desgraçado.

Como para toda ação há uma reação, minha mãe ficou embasbacada e começou a chorar, sem saber se defender. Ao perceber o tamanho da humilhação, não me controlei e comecei a chorar com ela. Para nós, o dia havia chegado ao fim. Com o passar dos dias, trabalhei a espiritualidade cristã que não podia guardar ódio nem rancor daquele acontecimento. Virgília e Carmen não tinham o controle das turmas, foram desequilibradas e erradas ao nos ofender. Percebe-se que os professores precisam de atenção maior do governo na parte de salário e de acompanhamento de psicólogos, também.

Nada justifica um professor e um aluno se agredirem verbal e fisicamente. Um professor de Educação Física, Luiz, atirou em seu aluno Rone César Silva, à queima-roupa, numa gincana escolar. Rone não resistiu aos ferimentos e morreu dias depois do acontecimento. A bala ficou alojada na medula óssea do aluno.

Rone foi um belo rapaz, de muitas fãs, meu amigo, educado.

Todos esses conflitos, sejam familiares, escolares ou sociais, interferem em nossa psique, em nosso objetivo, na ética e na formação, na totalidade.

A influência que existe no presente de mudança da sociedade é marcada por várias posições como: a sociedade do consumo de objetos, coisas e tecnologias que avançam a todo instante; fazendo com que nossos anseios aumentem a crise das instituições escolares, e as famílias fazendo essas novas maneiras de relacionamento.

"Essa dificuldade toda entra na escola sem ser chamada, pois, os personagens que compõem a escola vivem em sociedade, observando, também, que, na escola, os conflitos afloram de maneira mais clara, por ser um local com regras estabelecidas e impostas, as quais são às vezes abusivas, como o fato de alunos irem ao banheiro após sofrerem muito segurando a necessidade de urinar ou defecar". Muitas vezes, por outro lado, alunos inquietos sentem a necessidade de arejar a cabeça e escapolem para outras áreas da escola, ou seja, um inocente pagando pelo outro, ambos necessitados.

Os métodos antigos são bem diferentes dos contemporâneos.

Eu sempre imaginava que, se mudasse de escola, seria bom meu relacionamento com os colegas que eram conflituosos. Foi então que me transferi da Escola Santa Terezinha para a Escola Frei Leopoldo. Logo percebi que os problemas não estavam nas escolas, mas em nós mesmos.

Assim, com tanta visão, percebi que, se meus pais fossem instruídos, e as escolas mais eficientes, eu não teria sido reprovado duas vezes na primeira série.

Estudando na Escola Frei Leopoldo, fui ficando muito estressado. Tive dificuldade de controlar o medo e a insegurança nas escolas acima citadas. Fui colega de sala de minha irmã Vívian e do saudoso Eduardo. Num fusquinha branco, meu pai nos levava à escola. Quase diariamente, eu presenciava e chamava a diretora, pois Eduardo, que era homossexual, apanhava dos pivetes. Voltei para a Escola Santa Terezinha, na quinta série. Confuso e brigão, certo dia, matando aula com meu colega Rogério, fomos vistos pela vice-diretora Conceição, que chamou um policial. Fomos confundidos por criminosos. Lugar de polícia não é na escola. Eu presenciei policial batendo em aluno que burlava as regras. Esse menino corajoso desacatou o policial, e este partiu para cima do aluno com um cassetete de borracha, dando-lhe umas pancadas, últimas cenas que presenciei na escola. Após esse fato, decidi parar de estudar, após ter visto essas cenas horríveis. Estacionei meu tempo escolar na quinta série.

O lamentável é saber que todos esses coleguinhas tornaram-se bandidos, criminosos, assaltantes e assassinos perigosos.

Moral da história: a função de policial não é educar alunos inquietos, mas sim proteger o povo contra bandidos e outros infratores, ou mesmo alunos com armas e drogas que se misturam entre os estudantes, nas escolas. Aí, sim, é necessário o apoio policial.

Os gestores das escolas deveriam separar o joio do trigo. A alunos como eu, que não conseguem ficar quietos em sala de aula, deve-se sugerir que façam terapia com psicólogos e grupos de ajuda mútua, aulas dinâmicas para tal comportamento, em busca de compreensão das emoções, no sentido das perturbações. As terapias mostrariam como se comportar diante de tantos sentimentos aflitos, angustiosos e pensamentos acelerados, para tornar as crianças equilibradas emocionalmente.

Como destaca Adriana Ramos, pesquisadora da Unicamp — Campinas, “o principal ponto que precisa ser colocado em discussão é o papel da escola na formação dos alunos. A presença militar só deve ocorrer em casos extremos. O patrulhamento no entorno é algo a ser considerado como medida emergencial, mas é inaceitável que policiais estejam permanentemente em escolas”, diz ela.

Segundo a especialista, a presença da PM interfere nas relações entre os estudantes e deles com professores e funcionários, coibindo a ocorrência de problemas comuns, que fazem parte do cotidiano escolar.

O tempo foi passando, e consegui refletir sobre alguns conselhos de entes queridos. As boas reflexões colaboraram com o despertar de um novo desejo de estudar.

Meio tímido, conversando com minha mãe, expus meus problemas, falei tudo aquilo que estava sentindo e pelo qual estava passando, abordei minha depressão, o porquê de não sair de casa fazia dez meses, do medo que sentia de me expor, as críticas da sociedade por estar com muitas espinhas, da magreza. Um metro e oitenta e cinco e pesando 59 quilos, isso são detalhes nítidos de uma depressão.

Em 1999, mencionado anteriormente, no início do Projeto Acertando o Passo, matriculei-me na Escola Estadual Santa Terezinha, no período noturno. Com os cuidados preliminares, comprei todo o material escolar, muito lisonjeado, entusiasmado em voltar a estudar e ter um novo convívio social. Retornando à escola, pensei que tudo se resolveria. Teve fim um problema, surgiram outros. O convívio coletivo é uma arte de viver. Temos que lidar com várias opiniões e ideias cheias de prós e contras e, se não houver equilíbrio, surgirão conflitos, atritos verbais e até físicos.

O relacionamento com os colegas como sempre não foi ótimo. Carente de amigos, incrível que pareça, os que me davam atenção eram só os usuários de drogas.

Depois de um momento de solidão, precisava abraçar qualquer pessoa atenciosa e sem pensar em ser influenciado. Em um dia de muita perturbação e inquietação e sem pensar nas coisas nocivas à saúde, juntei-me aos drogadictos e fomos “matar” aulas nos fundos da escola, quase em frente à janela da sala de aula. Os “companheiros” tiraram uma bucha de maconha e começaram a preparar a droga para ser usada, fazendo apologia da “canábis sativa”, e fui seduzido a usar. No momento em que usei, tinha no fundo do consciente a teoria dos prejuízos e males que a dependência das drogas causa na vida. Confessei aos “colegas” que ficaria viciado de curiosidade, mas que pararia de usar a droga na hora em que eu quisesse. Foram aumentando os dias obscuros e o prazer momentâneo também. Dali em diante, depois do primeiro efeito alucinante, o vício forçosamente foi-se multiplicando, de forma progressiva e compulsiva. Eu vivia para usar e usava para viver. Quando acordei, já estava viciado. Levantava-me à noite para ir ao banheiro, e tinha de haver uma ponta escondida para usar e voltar a dormir. É aí que mora o perigo. O prazer momentâneo é tão grande, que, às vezes, eu ficava até três dias sem dormir, bebendo vinho, fumando cigarros e maconha. As consequências disso tudo são horríveis e ruins. A partir de agora, todas as minhas opiniões serão deixadas de lado, e as afirmações abaixo serão passadas para cientistas que dedicam a vida para se aproximarem da verdade.

— Uma noite sem dormir é muito nociva para os estudiosos. O repouso produzido pelo adormecimento dos sentidos é indispensável a diversas atividades e funções orgânicas de nosso corpo. Ele tem papel importantíssimo na capacidade de aprendizado e consolidação da memória. Também ativa o amadurecimento do sistema nervoso. Por isso, as crianças precisam dormir mais horas que os adultos. É impossível ficar alerta por muito tempo. Estudos já comprovaram que jovens saudáveis submetidos a um período de sono de quatro horas, por seis dias consecutivos, apresentam aumento da pressão arterial, da frequência cardíaca e de níveis de glicose no sangue. Essas alterações são semelhantes às características de idosos sendo interpretadas por pesquisadores como se as restrições prolongadas ao sono transformassem o organismo jovem em decrépito, uma velhice precoce.

Maconha causa dependência? O termo “dependência” em psiquiatria é aplicado: a) quando há consumo repetido de uma substância, mesmo sabendo que ela esteja trazendo consequências físicas ou psicológicas; b) quando um indivíduo consome abundância de uma substância durante longo período; c) quando o usuário tem dificuldade em reduzir a quantidade ou frequência do consumo dessa substância; d) quando começa a surgir tolerância ao princípio ativo, sendo necessárias doses maiores para se atingir os efeitos desejados; e) quando o usuário depende de grande parte do dia tentando obter a droga, usando-a e/ou recuperando-se de seus efeitos; quando o tempo de lazer e de atividade física é substituído pelo tempo de uso da droga; f) quando o paciente tem sintomas físicos ou psicológicos se ficar muito tempo sem usar a droga.

Ao contrário do que algumas correntes divulgam, a maconha pode causar dependência, sim. Cerca de 30% das pessoas que a experimentam tornam-se usuários regulares; de 10% criam dependência. Portanto, um em cada dez usuários se tornará dependente, uma taxa semelhante ao que ocorre com o álcool, mas bem menor do que com o cigarro. Usuários pesados podem apresentar síndrome de abstinência quando interrompem seu uso crônico. Os sintomas podem durar semanas e incluem insônia, depressão, náuseas, agressividade, anorexia e tremores. Ao longo dos últimos 50 anos, as concentrações de THC na maconha vêm aumentando progressivamente, saindo de cerca de 5% na década de 1960.

No momento da recuperação, haverá uma série de dardos malignos querendo nos ludibriar que a maconha é medicinal, e podemos fumar, mas isso é uma grande farsa. A maconha de hoje foi altamente modificada para melhorar os princípios ativos que causam uma série de transtornos psíquicos e alucinações.

Fábio Alves Borges

Fábio Alves Borges
Enviado por Fábio Alves Borges em 18/09/2021
Reeditado em 03/10/2021
Código do texto: T7345086
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