Biografia de Luiz Gonzaga Dias Cornélio, o “Luiz Piauí”!

Luiz Gonzaga Dias Cornélio, nascido em São Raimundo Nonato PI, em 21/01/1932, zona rural, na caatinga brava, onde não chove e o mato é seco, seco, seco…, cor marron cinzento, de dar dó!

Ainda adolescente desceu de pau-de-arara, como quase todos os nordestinos daqueles tempos, para o Rio de Janeiro DF (Capita do Brasil), atual Rio de Janeiro RJ.

Serviu como Fuzileiro Naval na Marinha do Brasil, também no Rio de Janeiro, mas destacado como um dos exímios cozinheiros da tropa de marinheiros!

Depois, no início da década de 1950, veio para na cidade de Sandovalina SP, onde montou um Bar e um Açougue, geminados, os mais movimentados da cidade.

Embelezou-se pela Joana, a quarta dos filhos e filhas de Maria Odália (a Caboquinha, com pronúncia de ô) e Manoel Gomes da Silva, namoraram e casaram bem provavelmente em 1961. Já no ano da revolução – 1964 – candidatou-se, já que era muito conhecido!

Doou muitas cachaças Oncinha, Pitú, conhaque Palhinha e os aperitivos Cinzano e Cortezano! Já do açougue doou linguiça de suínos, por “metro” ou por “minuto” (o eleitor saía correndo e o cunhado, após meio ou mais minuto dava um talho de facão), doou muitos pares de sapatão (botina rústica de trabalho), quebrou, faliu, mas só ficou de”Vereador Suplente”! Também pudera, em vez de doar só um pé de sapatão antes da eleição era o canal; depois se ganhasse, doaria o outro pé! É assim que funcionava…! De uns tempos pra cá dá processo e, ganhando a eleição, se denunciado perde o mandato! Tempos depois, desgostoso, mudou-se com a família para Osasco SP (ver abaixo)!

Nós todos morávamos no Bairro e Região do Rebojo, estrada velha para Estrela do Norte SP: Luiz Correia da Silva e Josefa (minha irmã mais velha, já casados desde Santana do Ipanema AL), Joana e Adiones, o caçula. Já a terceira Lourdes ficou em Alagoas e o segundo irmão Benedito, já tinha vindo para o Paraná, com nosso tio Valdemar Francisco de Lima.

O Luiz Correia, a Josefa e dois filhos (Jaime “em memória” e Inês) foram pra São Paulo, capital, mais precisamente para a Av Quarto Centenário, 853, terreno anexo à antiga Fábrica de Cera Parquetina e ao lado do Parque Ibirapuera, e, após a morte da Josefa em setembro de 1965 mudaram Rua Antonio Bispo de Souza, 25 - Bairro Santo Amaro, antes dos demais demandarem para outras localidades.

O Luiz Gonzaga, o Piauí, minha irmã Joana e os dois filhos mais velhos: Mario e Sebastião, mudaram-se para o Jardim Turíbio, cidade de Osasco SP, salvo posso estar enganado nasceram mais três filhos: o Luiz, o Marcos, a Luzia e a Sara (se estiver enganado em algo, me corrijam sobrinho(a)s! Desses seis filhos, só o Mario faleceu no final década de 1970, no Jardim Turíbio.

Nesse tempo o Luiz Piauí trabalhou como Abatedor de Aves na Cooperativa Cotia e quando voltava do serviço trazia frangos e nós comíamos fritos e tomava umas talagadas da cachaça Oncinha, isto quando íamos visita-los aí no Jardim Turíbio! O Piauí e família ainda eram católicos, daí…, dê-lhe beiçada nas cachaças! Já a Luizabete, minha noiva na época e uma vez ela foi conosco, tomava umas cervejinhas, uns vinhos secos ou suaves!

Nesse ínterim, em fevereiro de 1967, o meu irmão (o segundo) Benedito Gomes de Lima falecido em 2011 aqui em Jandaia do Sul PR, descobriu que sua mãe Maria Odália e seu irmão Adiones estavam residindo em Pirapozinho SP, cujo irmão caçula estava estudando a primeira série ginasial no C.E.L.S.A.!

Buscou-nos e vimos num dia chuvoso de “jardineira” Viação Andorinha até Mandaguari PR!

Daí uns tempos, vem o Luiz Piauí e família para Marumbi há vinte quilômetros de Jandaia do Sul PR, haja vista que aqui se encontrava a sogra e os dois cunhados, um casado e ouro solteiro!

Em Marumbi residiu com a esposa e filhos pequenos por volta de 1968 a 1971, sendo dois anos na Fazenda Ouro Verde, dos Fávaro; depois mais dois no Sítio São Geraldo, dos saudosos Geraldo e Rosa e filhos: Ana, Antonio e José, ambas propriedades uma defronte da outra na Estrada do Borba, km 3, com plantações de café e lavouras temporárias intercaladas como o feijão, o milho, o arroz sequeiro, mamona, mandioca, etc., e pequenas áreas de pastagens e poucas criações bovinas, suínas, caprinas e galináceas!

Depois do sítio São Geraldo, onde o Adiones namorou a Ana da Silva Aguera, o Luiz Piauí veio parar no Sítio do Jaime Pineda, na paineira das Rodovias BRs 369/376 (sobrepostas) na divisa de Jandaia do Sul PR, também com a cultura permanente do café e temporárias descritas acima, mas somente criação de galináceos! Permaneceram ali por uns dois anos, também!

Depois, por volta de 1973 mudaram pra cidade de Jandaia do Sul PR, sendo inquilino do senhor Faustino Bulgarão, do Mercado São José, sendo que iam colher café ou trabalhar de enxada e outros tratos culturais, como boias-frias! O Luiz e a Joana nunca deixaram a “peteca” cair, os filhos passarem fome, etc.! Sempre no pesado, ou como porcenteiro (60% do patrão pois arcavam com adubos, inseticidas, etc., e 40% mais a lavoura branca, do porcenteiro Luiz Piauí)! E naquele tempo não tinha quase contratos assinados e, sim, os contratos verbais ou apalavrados! Uma palavra dita valia por mil escritas! Honradez de ambas as partes, no auge da cafeicultura paranaense! Veio a grande geada de julho 1975 e bau bau, erradicaram quase todas as áreas cafeeiras, optando pela rotação anual trigo – soja (trigo cultura de inverno e soja de verão), milho, aveia, cana-de-açúcar para a fabricação de álcool combustível com o advento da Cooperval, estas por volta de 1980, etc.!

O “Gonzaga” sentindo-se cansado da roça como boia-fria recebia por dia ou empreita e de outros “bicos” na cidade, conseguiu um emprego na empreiteira da SANEPAR – Cia. de Saneamento do Paraná, para trabalhar na escavação e encanamento do início da instalação do Esgotamento Sanitário na cidade de Jandaia do Sul PR. Portanto, nessa época, o Prefeito Hermínio Vinholi arrumou para que a família residisse no pátio da Escola Municipal John Kennedy, na Vila Operária! A Joana trabalhando de faxineira nas casas de famílias abastadas, os filhos mais velhos como frentistas e os pequenos estudando! Lembro-me que a Luzia estudou parte do primário na Escola Unidade Polo, hoje Colégio Estadual Unidade Polo, saída para Bom Sucesso PR.

Provavelmente no final da década de 1970, a família trocou de religião, tornando-se evangélicos da Igreja Assembleia de Deus,atual IEAD.

Terminada a primeira etapa dos serviços da Sanepar no final dos anos 1970, mudaram para a zona rural de Alumínio SP, há 30km de Sorocaba SP via Rod. Raposo Tavares, município da CBA – Cia. Brasileira de Alumínio, do conglomerado do patriota e médico Dr. Emírio de Moraes!

Lá a família, sem o Mário falecido em Osasco SP, o Sebastião casado que já ficou enraizado em Osasco, sem o Luizinho (Nenê) também casado para outras bandas, talvez São João Batista RS (aqui em Jandaia do Sul namorou a amiga atual do Facebook Rosevane Mateus, atual esposa do amigo Natanael, ambos da IEAD), mas com os adolescentes e menores Marquinhos, Luiz e Sara, se fixaram em um dos Condomínio de Chácaras da região! Os proprietários que contrataram os serviços de zelador e vigia das casas de veraneio eram de Sorocaba, Campinas e São Paulo, na maioria dos casos!

Eu, seu cunhado Adiones, a “radiopatroa” Luizabete e a Caboquinha (pronunciar ô) fomos visita-los no início dos anos 1980. Depois só o Adiones e a Caoquinha (pronunciar Ô) no final de 1996, quando do falecimento da Joaninha, após a internação na enfermaria do Hospital, em Sorocaba!

Foi interessante isso! Eu, o Adiones, e a “veinha” retornamos à Santana do Ipanema AL por quinze dias, na segunda quinzena de março de 1996, retornamos à Jandaia do Sul PR e a ela, aflita, me perguntou várias vezes: “fio” a Joana não escreveu mais, o que está acontecendo? Quero saber dela ou vamos lá em Alumínio…!

Fomos, eu e ela, antes do Natal de 1996, com um Ford Escort 1.4 L, mas o mesmo deu problemas no motor próxima da cidade de Bandeirantes PR, quase na divisa do Estado de São Paulo, pelo Rio Paranapanema!

Fomos se arrastando até Ourinhos SP, deixamo-lo no Posto Kennedy da BR 369 (se não me falha a memória) porque tinha lá um “curioso” que disse ser mecânico e que daria um jeito no carango!

Posamos em um hotel e agora me lembro que a fanfarra dos guardas mirins da AMINO (Assoc. dos Meninos e Meninas de Ourinhos) passou na alvorada, fazendo a maior algaravia, assim como os assustados pássaros da redondeza!

Mas só passaram uns 400 meninos e meninas de um total de 800, ao que disseram! Depois em outro dia outros 400 desfilariam, sempre intercalando-os!

Esses meninos e meninas trabalhavam nas quase 300 chaminés de cerâmicas, isto é, nas fábricas de telhas e outros produtos de barro comum do município! Naquele tempo podia menores trabalhar meio período e estudar, normalmente!

Arrumado o carango “meia boca”, uma garibada na verdade, depois de dois dias seguimos viagem! A vó coitada e simples de tudo não reclamava, sabendo que logo iria rever, abraçar sua filha Joana e abençoar, também, seus netos e netas pequenos!

Comeríamos uma galinha de capoeira, como se diz no nordeste? Comeríamos milho assado na palha, ou curau, ou pamonha? O que teve comemos com muito orgulho!

Panelas, tachos, máquina de costura manual, roupas de todos os tipos, sabão de sebo e soda, o escortinho “urrava” de pesado! Eheheheh…!

Lá chegando, no Condomínio de Chácaras, a notícia que não queríamos ouvir: - Joana está no hospital de Sorocaba, em uma enfermaria, após sofrer um derrame cerebral.

Confesso que nunca vi em outras cidades ou municípios, naquela época, o que presenciei em Alumínio, no tocante a gestão dos Serviços de Saúde!

Uma pessoa era picada por uma cobra, ligavam no Plantão e imediatamente a ambulância levava o paciente direto para os hospitais de Sorocaba ou Campinas ou São Paulo! Idem acidentados, atirados, com AVCs, com convulsões, ou de trabalho de parto, etc.!

Pegamos um táxi e rumamos para o hospital. Chegando lá, como era horário de visitas, subimos para a enfermaria onde estava a nossa Joana.

E as mulheres companheiras de vários dias perguntavam à Joana: - dona Joana, sua mãe Maria Odália e seu irmão Adiones do Paraná estão aqui do seu lado, se a senhora estiver entendendo feche e pisque os olhinhos várias vezes! Certo? E ela piscava e dava um ar de sorriso, o que aproveitava o instante para a “veinha” passar a mão direita com seu “lombim" na face da filha semiconsciente, tentando não chorar! Assim como eu…!

Naquela mesma tarde ela faleceu…! Só esperou a mãe e o irmão chegarem…!

Ficamos para o velório e o sepultamento, ocorridos na cidade de Alumínio SP e retornamos ao Paraná, na certeza do dever cumprido, deixando todos com dor nos corações pelo luto!

Não voltamos mais lá, mas temos todos nos nossos corações: a Maria Odália até 06/10/2000, Adiones, Luizabete, Victor Hugo e Thiago Augusto!

Dito isso, no presente “resumo” do que foi o Luiz Gonzaga Dias Cornélio, o “Luiz Piauí” na vida dos seus! Descanse em Paz, meu “Primeiro Professor” e confesso: queria ter lido a Bíblia, até agora, somente 0,5% do que você a leu, Luiz Piauí, e já estaria salvo, também!

Descanse em Paz e até breve se Deus permitir! Alumínio SP e Jandaia do Sul PR, 12/01/2022.

Autor: Adiones Gomes da Silva (Ponga) - Pres. da SPJ e Del. Cultural de Jandaia do Sul, via CONBLA/SP, e Acadêmico da Cadeira de nº 36 "Nilo Cairo"da ALACCNP - Acad.de Letras, Artes, Ciências Centro Norte do Paraná e Membro do Grupo O Pensador - de Mandaguari PR

Doc. 084. De 12/01/2022