A CARTA QUE NÃO ENVIEI

Sinta-se livre para tomar a decisão que quiser em relação a nós dois.

Desculpe-me se não consigo decidir esse entrave, mas é que meu amor por você é grande demais e a simples hipótese de estar separada e distante de você, me causa enorme amargura, pelo menos por enquanto. É-me totalmente inverossímil e inacreditável que isto possa acontecer. Recuso-me terminantemente a pensar sobre o assunto.

Fuga?

Talvez...

Covardia?

Talvez...

Medo?

Demais...

Medo de acordar e não ter você ao meu lado...

Medo de dormir sem seu corpo debaixo dos lençóis, medo de abrir os olhos e perceber a sua ausência, medo de olhar o telefone e saber que você não vai mais ligar, medo de sentir seu cheiro em cada canto da minha vida e ser apenas fruto da minha imaginação, medo de acordar no escuro da madrugada e me dar conta que estou sozinha, medo de olhar para o universo que se move e não saber onde está você, em que parte desse infinito você se encontra...

Medo de saber que me entreguei de corpo e alma, com a cara e a coragem, destemidamente, a esse louco amor que impulsiona o meu viver e de repente constatar que de nada valeu amar, amar, amar, amar, amar e muito amar...

Medo de olhar a chuva caindo e sentir a fisgada de dor da solidão que sua ausência vai gerar, medo de sair ao sol de verão e não sentir o calor, de não ver colorido em nada e achar todas as coisas do mundo acromáticas... Medo de ter que a qualquer custo, sufocar essa paixão que inunda o meu corpo de desejo, medo de encarar todo esse meu resto de vida sem vislumbrar você no caminho que ainda tenho que percorrer, medo de tudo e de todos que me rodeiam, pois não compreenderão com certeza, essa minha vontade de não mais viver se não tiver você... Medo de perder o tino, o juízo, a própria razão de ser e estar vivendo, medo de ter que encarar a dor da perda, medo de me encarar e saber que foi por minha culpa e somente minha, a separação.

Enfim, medo real e cruel de perder você.

Pois você é aquele por quem espero há muito tempo, o meu homem sonhado que quero sempre agasalhar em meus braços depois do ato de amor... Você é aquele por quem meus dias até hoje valeram à pena serem vividos, só para lhe encontrar, e que em todos os sonhos que sonhei, a sua figura fez parte e por fim se materializou de tanto que o busquei, sonhando até mesmo acordada...

É por você que caminham os meus passos nesta vida e que continuarão a caminhar por quantas vidas eu viver!

É você que quero ter ao meu lado, é só você que importa para mim.

Eu não existo sem você. Deixo de ser "eu" para ser um ser qualquer desprovido de esperança e de vida.

Eu amo você.

Sônia Maria Grillo

(Baby®)

28.08.2005

Vitória-ES

Baby
Enviado por Baby em 19/01/2006
Reeditado em 08/08/2006
Código do texto: T100734