A carta (Eu...Talvez... Fim)

Eu preciso despedir-me do vento do agora, das flores do amanhã que já não acorda. Eu tenho que agradecer o chão que eu caminhei nesses poucos anos de vida.Eu preciso sentir o abraço de meus amados amigos antes de desaparecer no infinito do último suspiro.Eu quero dizer a todos os meus versos escritos que no bosque da luz sentirei saudade das inspirações.Eu não posso esquecer dos meus personagens que mexeram como vulcão meu estômago cênico.Eu nunca esquecerei da mamãe...Meu anjo,minha vida,minha mestra,meu amor das noites mal dormidas que passava a me vigiar,meu tudo,minha amiga...TE AMO MAMÃE!Eu mesmo ou sempre distante a vida toda dele: Meu Pai!As raras vezes que ouvi sua voz senti o prazer de pronunciar com a alma: Como vai meu Pai?Eu agradeço de joelhos pensante todos os meus livros, meus companheiros, amantes, perfeitos. Eu declaro a meu único irmão toda minha admiração e amor,e sei do seu amor muitas vezes oculto que sempre teve por mim.Eu só pergunto para minha encarnação passada até com ironia,porém com respeito:Porque eu?Eu aqui entregue aos meus risos, as minhas loucuras frias, as palhaçadas ingênuas dos dias que eu já previa... Eu não poderia esquecer e desde o início eu lembrava compulsivamente da minha vovó,do café com leite que servia nas manhãs,então que já não mais que longe,vou sentir sua presença insubstituível,te abraçarei no bosque.Eu peço desculpas agora,mais já tenho dificuldades em segurar minha pena,com a qual escrevo meus escritos póstumos.Eu pergunto se você que me lê agora,não está sentindo a brasa que evapora dos meus ossos poéticos queimarem com leve ardor as pupilas de seus olhos?Eu peço perdão a Deus por todos os profanos pecados, os sentimentos ruins, a falta de fé... Obrigada pelos dons em mim impregnados de luz.Eu falo sussurrando em meus tímpanos que fui um terço de tudo na vida,e agora nesse momento as palavras saem com dor,calafrios,lágrimas que estalam de fraqueza.Meus ossos estão falando para eu parar,a mente deles não reagem e o estômago está quebrado,a rótula resfriou e a secreção do talvez ou quase do fim encosta com violência.Eu fui a mentira inventada,a doença alojada,um ser conturbado,o fantasma das criações,fui o amor de amores afetados,fui a criança adulta,fui talvez eu feliz?E exatamente agora não posso ser mais nenhum fragmento solto no ar (Eu... Talvez... Fim de mim).