vivências

Meu amigo

Desconheço se algum dia te enviarei esta carta, mas a ousadia dos ignorantes como eu, tudo pode e, assim, sem planear seja o que for, escrevo para ti que não tens rosto.

A amálgama de sentimentos e pensamentos que constitui a dualidade em que habito deixa, aqui e ali, surgir uma clareza insuspeitada neste ser confuso que sou eu. Ao observar as pessoas que me cercam, as situações com que esbarro, as questões práticas do dia-a-dia, dou de caras comigo própria, com os meus desencontros, com as minhas contradições, com os meus amores e desamores e também com emoções ignoradas. E descubro que só posso dizer que sei alguma coisa, ou melhor que conheço alguma coisa - seja lá o que for - quando a experimento, quando a vivencio. E essas vivências ocorrem tanto no plano físico, como noutros planos.

E descubro que viver é uma arte para a qual possuo todas as ferramentas, mas que nem sempre as utilizo.

No entanto, meu amigo, a capacidade de rir de mim própria, das minhas teorias arcaicas, do meu orgulho que não me leva a lado nenhum, emerge nos momentos complicados em que todos os fantasmas surgem de uma só vez sem se anunciarem. Talvez resida nessa capacidade uma das chaves para a jovialidade e força que afirmas existir em mim.

Por agora não me alongo mais. Provavelmente, até breve.

siriuslumine
Enviado por siriuslumine em 01/05/2005
Código do texto: T14073