PERDA

Há exatamente quinze dias, perdi um cunhado, Joaquim, que por estar muito longe, não vivi o cotidiano de sua vida em família. Sabia apenas, que ele e mulher eram muito unidos. Consegui chegar a tempo de assistir o culto fúnebre e vê-lo para aceitar sua morte.

Agora, paro para pensar e chego à conclusão de que podia ter ligado mais, conversado mais, ter ajudado mais, mas, simplesmente, cri que ele viveria muitos anos e o veria envelhecer. Curioso, ele não tinha um fio de cabelo branco. Seu sorriso era bonito, franco; amigo não existe mais, apenas a triste lembrança de sua ausência. Podia ter feito mais, e não fiz. Deixei simplesmente a vida correr. Podia ter dito que gostava tanto dele e não disse. Podia ter dito e sido mais amiga e não fui. Puxa, quantas coisas deixei de fazer e agora só me resta o arrependimento!

Minha alma está triste e, eu estou de luto.

A Bíblia diz que a vida é como uma nuvem que logo se forma e depois passa. A vida passa e nós passamos tal qual as nuvens e, muitas vezes, não deixamos rastros de nossa passagem. Quando morremos na esperança de estar na eternidade com Deus há consolo. E este é o único consolo. A ausência jamais será preenchida, mas será paulatinamente aceita e a dor será transformada em saudade. Mas a saudade dói. A ausência dói.

A sensação da perda causa um reboliço no corpo. Um Vazio no estomago, o peito sente um aperto, que não há como explicar, a não ser chamando-o de angustia. A angustia de não poder fazer nada, não poder trazer a vida. A angustia da perda definitiva da presença do outro.

A única esperança que me liga a ele é a certeza de nos encontrarmos um dia na eternidade. E, a única frase que pode ainda confortar-me é dizer que Deus o chamou para si, para que seu servo gozasse eternamente a sua presença.