extenuara-se

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"e vi o tormento, mais amplo do que o desejo: e desejei morrer,

e morri, nas tuas sedas mais íntimas." - Casimiro de Brito, In "Livro das Quedas".

extenuara-se:

descera à garganta o ranço amargo. sem motivo, anunciado, mas, soubera, calado, sentir. percebera o sabor horrível. houvera outro sabor, como se água, amarga, do pensamento. fora persistente a dor, por toda madrugada. pouco a pouco o lamento. quiçá o poeta necessitara de ungüento. debruçara-se tendo diante do olhar os jasmins e as formas em gotas, gotas de chuvas, numa sonoridade de lágrimas. descera à garganta o nódulo da sílaba crua. sabor dum fel vermelho, persistira.

houvera e reconhecera o paladar do íntimo: pedaços de versos,

provenientes, da intimidade de si. o sangue envenenado de saudade.

já não ardera, o coração, quisera adormecer e deixara-se ao sempre.

diluíra-se.

marcia eduarda.

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marcia eduarda
Enviado por marcia eduarda em 09/03/2009
Reeditado em 09/03/2009
Código do texto: T1478225
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