NÃO PISE NAS FLORES QUE EU GRITO (carta-poema)

Hoje tu contas piada de português

— tento até achar graça

Depois talvez a história da “loira burra”

e eu fico calado

Na certa contarás coisas

de mulheres no volante, de negros na saída

ou de pobres que cumprem seus destinos

Se eu for elegante e silenciar,

talvez tu dirás prontamente

que “isso é coisa de veado”

Tu pisas nas flores

e eu logo grito

Lembro-me talvez de Maiakovski,

ou outro qualquer autor que escreveu,

e te vejo pisando no meu jardim,

adentrando a minha varanda,

tomando posse da minha casa,

mudando o que não te cabe,

destruindo o que não te agrada

Por isso repito:

não pise nas flores que eu GRITO!