O CAMINHO PARA O SOL...

Fênix conhece o caminho para o sol...

A estrada pode ser cheia de espinhos, cheia de pedras pontiagudas.

Ou podemos transformar nosso caminho em um lugar cheio de flores, borboletas e colibris.

Depende muito de nós.

Tudo isso nos é dito em tantos livros.

A própria vida parece nos querer provar isto.

Tento com todas as minhas forças acreditar que nós é que fazemos a nossa própria escolha, mas é lógico que há horas em que temos a impressão de que existe destino e temos que experimentar certas coisas.

Tento fazer do meu caminho um lindo lugar para viver e felizmente estou conseguindo.

Há horas em que as coisas vêm de outras formas. Momentos duros temos que passar e os passamos.

Mas num todo vamos vivendo.

O que me intriga mesmo é ver alguém caminhando por um caminho tão triste. “Um caminho parado no ar”.

Cris... é de você que falo. Minha doce Cris.

Que caminho é este?

Existe escolha para um caminho assim?

Quando a olho eu penso tantas coisas. Penso no que passou. Nos momentos únicos que vivemos juntas.

Penso no seu sorriso que morreu. Na sua voz que se perdeu no tempo.

Fênix renasce das cinzas...

Eu sonhei tantas vezes de olhos fechados ou abertos com seu vôo. Com sua libertação.

Depois fui compreendendo que deve existir um motivo para isto. Deve existir. Mesmo que nós desconheçamos deve haver uma razão maior.

Estes anos. Tantos. Quase treze já.

Este silêncio. Esta sua luta com a vida. Não é luta estar aí neste leito há tantos anos?

Este não partir e não ficar é que mexe com a gente.

Sabe, houve um tempo em que eu a via no portão com um vestido listrado. Com o cabelo bem curto. Uns brincos compridos. Um sorriso lindo.

Não é do tempo em que você estava saudável isto.

É dum tempo depois que você ficou neste estado.

Eu a via assim porque desejava vê-la desta forma. Isolava-me do resto do mundo e criava esta imagem dentro de mim.

O vestido tinha umas listras violetas e verdes. Era um vestido que descia pouco abaixo do joelho e nos pequenos pés você usava umas sandálias; daquelas que são amarradas na canela.

Meu Deus! Visualizei tantas vezes você assim. Tentei trazer você de volta desta forma.

Era tão fácil fazer isto. Eu fechava os olhos e via você saudável, rindo, fresca.

No meu imaginar você havia acabado de sair do banho e os cabelos ainda pingavam água.

Como era gostoso fazer isto!

Você não tem idéia de quantas vezes eu a vi no portão...

E a realidade é você neste leito, nesta cadeira de rodas. Neste estado que se prolonga pelos anos e as respostas...

Nem todas compreendemos.

Cris... houve um tempo em que eu a sentia tão próxima a mim. Tão pertinho. Bastava pensar em você e já parecia estar ao seu lado.

Depois fui sentindo você mais distante.

Sua mãe também acredita que Fênix renasce das cinzas. Cria umas asas fortes e voa de encontro ao sol.

Você já alcançou o sol e nós ignoramos?

Cris... Cris...

Acho que nós é que não sabemos de nada. Esperamos que volte e você conhece o melhor caminho que seu espírito necessita trilhar.

Não é isto?

É assim que penso hoje.

Seu caminho era este? Era necessário à sua alma ficar todos estes anos suspensa entre duas eternidades?

SONIA DELSIN
Enviado por SONIA DELSIN em 15/01/2005
Reeditado em 24/03/2011
Código do texto: T1688
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