Carta #3. Ecos

depois do silêncio...você sabe.

vem o estrondo.

e vem de dentro. vem das vezes que implodi.

dos monstros que engoli.

das catástrofes que não causei

por pensar duas ou três vezes, olhar os tacos e as bolas

e janelas

e as pessoas que esperavam pra ver o que eu faria

sabendo o que eu queria e temendo por isso.

e neguei a todos, pra sofrer sozinho.

acendi cigarros pra apagar incêndios internos.

observei o céu, pra ter noção de distância.

e desejei não me lembrar. triste isso.

e comecei a caminhar...pensava blues.

afundei no asfalto.

talvez tenha derrubado uma lágrima, que se dissolveu na poça.

e me odiei, tanto quanto te amei.

mas a noite seguia. apenas deslizei, ladeira acima.

me perdi de propósito, pra ignorar vestígios.

mas cada paralelepípedo me dizia que não poderia fugir.

sentei, chorei e ri.

não há fuga, não de ti.

ainda aqui. ainda...